Coronavírus: a advertência da OMS de que pandemias ainda piores podem vir no futuro
Em sua última entrevista coletiva do ano de 2020, a OMS (Organização Mundial da Saúde) destacou os avanços obtidos no combate ao coronavírus. Mas também emitiu um alerta para a humanidade: esta pandemia, apesar da devastação que causou neste ano, pode não ser a pior que vamos enfrentar, por isso devemos estar preparados.
O médico Mark Ryan, chefe do programa de emergências da OMS, reconheceu que a pandemia de covid-19 "é muito grave, se espalhou com extrema rapidez e afetou todos os cantos do planeta". Mas advertiu que "esta não é necessariamente a maior" que podemos enfrentar.
"Este vírus é altamente transmissível, mata pessoas e priva muita gente de seus entes queridos, mas sua prevalência é comparativamente baixa em comparação com outras doenças emergentes", indicou na terça-feira (29).
"Este é um alerta. Estamos aprendendo agora como fazer as coisas melhor: ciência, logística, treinamento e governança, como nos comunicar melhor. Mas o planeta é frágil. Vivemos em uma sociedade global cada vez mais complexa. Essas ameaças continuarão."
"Se há algo que devemos tirar desta pandemia, com toda a tragédia e as perdas, é que devemos agir juntos. Precisamos nos preparar para algo que pode ser ainda mais grave no futuro. Devemos honrar aqueles que perdemos melhorando o que fazemos todos os dias", acrescentou.
'A erradicação é uma barreira muito alta'
Nesta semana, faz um ano desde que a China reportou os primeiros casos de um novo tipo de pneumonia à OMS, que semanas depois seria chamada de covid-19.
Desde então, até esta quarta-feira (30/12), foram registrados 82.036.653 casos da doença em todos os continentes do planeta, e 1.791.662 pessoas morreram em todo o mundo.
Em dezembro, o Reino Unido se tornou o primeiro país a começar uma campanha de imunização em massa contra o vírusa Sars-CoV-2, aplicando a vacina desenvolvida pela Pfizer/BioNTech.
Os Estados Unidos e a União Europeia também deram início à vacinação, além de países como México, Chile e Costa Rica, na América Latina. Mas a imunização não marca o fim da pandemia.
Na entrevista coletiva de terça-feira, Ryan também se referiu ao futuro das vacinas.
O especialista observou que "resta ver quão bem serão aplicadas, o quão perto estaremos de um nível de cobertura que pode nos permitir a chance de atingir a eliminação, como vimos com a poliomielite e o sarampo".
Ele esclareceu, no entanto, que "a existência de uma vacina, mesmo com alta eficácia, não é garantia de eliminação ou erradicação de uma doença infecciosa" — e que esta "é uma barreira muito alta para ser superada".
Primeiramente, acrescentou, "devemos nos concentrar em salvar vidas, controlar bem essa epidemia para que as vidas possam voltar ao normal e, então, lidaremos com o objetivo de potencialmente sermos capazes de erradicar ou eliminar o vírus".
Sobre o patógeno, Ryan prevê que "o cenário provável é que se torne outro vírus endêmico que continuará a ser uma ameaça, mas uma ameaça de nível muito baixo no contexto de um programa de vacinação global eficaz".
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