Pesquisa revela barreiras no combate à malária
Apesar de vir apresentando uma queda na taxa de mortalidade e no número de casos em todo o mundo nos últimos anos, a malária segue impondo um desafio aos esforços para erradicá-la. Uma pesquisa que acaba de decifrar o genoma dos dois principais micro-organismos responsáveis pela moléstia sugere uma explicação para essa dificuldade e oferece um quadro com mais detalhes para as pesquisas que buscam seu controle.
A doença tropical, transmitida pela picada do mosquito Anopheles, é causada prioritariamente por duas espécies de protozoário, o Plasmodium vivax (responsável por 85% dos casos de malária no Brasil e prevalente também em outros países fora da África que sofrem com a epidemia) e o Plasmodium falciparum (predominante na África). Apesar de o segundo ser mais letal, o primeiro tem se mostrado mais difícil de combater.
Comparando os genomas dos dois parasitas, pesquisadores indianos e americanos, liderados por Jane Carlton, da Universidade de Nova York, observaram que o vivax apresenta uma diversidade genética muito maior que o falciparum. O estudo foi publicado na revista Nature Genetics.
“Essa variação é muito mais significativa do que pensávamos, o que faz com que o P. vivax possa se adaptar e seja muito hábil em escapar de qualquer arsenal de medicamentos e vacinas que se jogue contra ele”, afirma Jane em comunicado à imprensa. “Pelo menos agora temos um melhor entendimento dos desafios que enfrentamos e podemos seguir em frente na busca por remédios mais efetivos.”
Na prática os pesquisadores que enfrentam a doença já vinham observando que o vivax é mais difícil de combater.
Saúde pública
“Em diversos países latino-americanos e do Sudeste Asiático, regiões onde os dois plasmódios são um grave problema de saúde pública, as medidas de controle da malária têm sido muito mais eficazes contra P. falciparum do que contra P. vivax. A maior adaptabilidade de P. vivax pode ser um dos fatores associados ao relativo insucesso do controle da malária vivax nessas regiões”, afirma o parasitologista Marcelo Urbano Ferreira, da Universidade de São Paulo, que investiga a malária epidêmica na região amazônica.
“A mensagem que a pesquisa passa é que, no momento em que a comunidade científica internacional parece mais otimista quanto às perspectivas de eliminar a malária de algumas áreas endêmicas, P. vivax parece ser um parasita mais difícil de controlar do que imaginávamos”, complementa.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2011 havia cerca de 216 milhões de casos de malária no mundo, com uma estimativa de 655 mil mortes por ano (dados de 2010), principalmente na África, onde ainda morre uma criança por minuto. Apesar disso, os programas de diagnóstico e controle conseguiram derrubar a taxa de mortalidade global em 25% desde 2000. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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