Espanha abre processo administrativo contra Airbnb por anúncios ilícitos

O governo espanhol abriu um processo administrativo sancionador contra a plataforma de aluguel de apartamentos turísticos Airbnb, informando que a empresa desobedeceu às advertências para retirar de seu site milhares de anúncios de imóveis sem licença para o turismo, informaram várias fontes nesta quarta-feira (18).

A Direção Geral de Consumo iniciou o procedimento após enviar vários requerimentos à plataforma para que removesse essas ofertas, sem que tivessem efeito, conforme explicou o Ministério de Consumo em um comunicado, que não cita diretamente o nome da empresa.

O ministério iniciou a investigação em junho, enviando um pedido a diversas plataformas de aluguel de apartamentos turísticos para obter informações sobre os imóveis que anunciavam. Em seguida, enviou um requerimento instando-os a retirar "imediatamente" milhares de ofertas consideradas ilegais.

No entanto, meses após o início da investigação, "e após constatar que os anúncios não foram retirados", o governo decidiu abrir o processo administrativo "contra esta plataforma por não resolver o problema detectado".

As infrações, de acordo com o Ministério, podem resultar em multas de "até 100.000 euros" (RS 645,4 mil), valor que pode ser ultrapassado, "chegando até quatro a seis vezes o benefício ilícito obtido", conforme indicado na nota.

Tanto uma fonte próxima à investigação quanto a própria empresa confirmaram à AFP que a plataforma afetada era o Airbnb, que afirmou que recorrerá da decisão.

"O Airbnb sempre pede aos anfitriões que confirmem que possuem as permissões necessárias e que cumprem as regulamentações locais antes de se anunciarem na plataforma", defendeu uma porta-voz da empresa.

O início desse processo ocorre em um momento em que na Espanha aumentam as críticas aos apartamentos turísticos, acusados de impulsionar a alta dos preços dos aluguéis nas grandes cidades ao reduzir a quantidade de imóveis disponíveis para os moradores.

Em uma tentativa de conter o descontentamento, a prefeitura de Barcelona anunciou em junho sua intenção de extinguir as licenças de cerca de 10 mil apartamentos turísticos na cidade até o fim de 2028. Em Málaga (sul), a prefeitura decidiu que não autorizará novas moradias para aluguel turístico em 43 bairros da cidade.

Continua após a publicidade

Essas medidas são apoiadas pelo governo de esquerda espanhol, que trabalha na criação de um registro de imóveis turísticos para combater o aluguel ilegal de alguns apartamentos.

O Ministério de Consumo anunciou na semana passada outra investigação voltada para as empresas que gerenciam grandes quantidades de imóveis turísticos nas plataformas de aluguel e são acusadas de se passar de forma enganosa por particulares para atrair clientes.

vab/rs/mb/jb/am

© Agence France-Presse

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.