Protestos afastam doadores e obrigam racionamento de sangue em Alagoas
Os constantes protestos nas ruas de Maceió nos últimos dias reduziram a quantidade de doações de sangue dos alagoanos ao Hemoal (Hemocentro de Alagoas), que enfrenta uma crise por conta do baixíssimo estoque.
Na manhã desta quinta-feira (27), por exemplo, o Hemoal informou que não havia sangue dos tipos A, B e O negativos e fez um apelo urgente por doações.
Segundo a direção do Hemoal, à tarde, a situação melhorou um pouco, mas mesmo assim o sangue só está sendo liberado para casos de emergência. “Quando é eletivo, solicitamos que espere um pouco”, disse a diretora do Hemoal, Verônica Guedes.
Guedes informou que nem mesmo a campanha para incentivar a doação de sangue, lançada no início do mês, com a distribuição de camisas alusivas à Copa das Confederações, foi capaz de atrair o doador, que vem desaparecendo das unidades do órgão nos últimos dias.
No mês de junho houve uma queda de 7,9% no número de doadores em relação ao ano passado. Para piorar a situação, junho é o mês das tradicionais festas São João. Por conta do aumento de acidentes com fogos de artifício e fogueiras, cresce a quantidade de sangue utilizada.
No último feriadão de São João (entre 22 e 24 de junho), foram usadas 181 bolsas de sangue, o que deixou o estoque deficitário.
“Esse deficit ocorre por conta dessas mobilizações de rua, pois todos os demais fatores ocorreram nos outros anos. Sem dúvida, a mobilidade ficou prejudicada com as constantes interdições das vias. Muitas vezes, as pessoas saem de casa e não sabem que hora vão retornar. Nosso doador é basicamente aquele que vem de ônibus e, sem dúvida, isso atrapalhou muito”, afirmou Guedes.
A situação ficou ainda mais crítica na capital alagoana porque o ônibus que faz coleta nas ruas apresentou problema de refrigeração e está em manutenção. A previsão é que o veículo volte às ruas na próxima segunda-feira, primeiro de julho.
"Ainda não chegamos ao nível de suspender cirurgias, mas o estoque está se aproximando perigosamente de um estado bem crítico. Esperamos que isso não ocorra", afirmou Guedes.
Em maio, uma outra baixa de estoque de sangue levou 25 unidades de saúde de Alagoas a cancelar cirurgias eletivas. O Estado teve de importar sangue de Pernambuco para garantir o fornecimento às duas principais emergências públicas do Estado: o HGE (Hospital Geral do Estado) e da Maternidade Santa Mônica.
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