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Na dietoterapia chinesa, cada sabor tem uma função para o organismo

Para a medicina chinesa, cada alimento tem uma energia, capaz de gerar harmonia e até curar doenças - Thinkstock
Para a medicina chinesa, cada alimento tem uma energia, capaz de gerar harmonia e até curar doenças Imagem: Thinkstock

Laís Peterlini

Do UOL, em São Paulo

23/08/2013 07h00

Quando se fala em medicina tradicional chinesa, as pessoas logo pensam em acupuntura. Pouca gente sabe que a prática também inclui cuidados com a alimentação. Na dietoterapia chinesa, no entanto, os valores nutricionais saem de cena para dar lugar ao aspecto energético de cada alimento.

“Essa terapia propõe uma reeducação alimentar a partir de uma avaliação energética que leva em conta a rotina, a alimentação e os problemas de saúde que a pessoa apresenta”, afirma a terapeuta Andrea Maciel Arantes.

De acordo com a dietoterapia chinesa, cada alimento tem uma energia, capaz de gerar harmonia, desintoxicar e até curar problemas do organismo.

Sabor e temperatura

Além de levar em consideração a direção energética dos alimentos, a dietoterapia chinesa reforça a importância dos sabores, que teriam uma função que vai além do paladar. Eles são divididos em: picante, doce, salgado, amargo e ácido. “Cada um dos cinco sabores provoca uma reação diferente no organismo”, diz a terapeuta.

Alimentos picantes, como gengibre, pimenta, alho e agrião, mobilizam a energia do pulmão e provocam a transpiração, além de ajudarem a espantar a tristeza. “Os alimentos naturalmente doces, como mel e beterraba, trazem uma sensação de conforto e harmonização. Contudo, em excesso, podem gerar preguiça”, explica Arantes.

Os salgados intensificam a energia dos rins, enquanto o sabor amargo, como o café, é bom para a saúde do coração. Para expelir toxinas, os alimentos ácidos, como abacaxi e limão, são os mais indicados.

Para a medicina tradicional chinesa, a temperatura dos alimentos também tem seu papel no equilíbrio corporal. Segundo a terapeuta, pessoas que sentem muito frio devem ingerir alimentos de natureza quente ou morna, como gengibre e canela, e condimentos naturais, como curry e alho, para reestabelecer a estabilidade.

“A hortelã, que é um alimento frio, é bom para inflamações e para pessoas que sentem muito calor, como mulheres na menopausa”, explica.

Outra característica interessante da prática é a atenção aos horários das refeições. A dietoterapia chinesa defende que a cada duas horas um dos órgãos do corpo tem seu ápice de desempenho, por isso a alimentação deve seguir esse ciclo de energia. Segundo a terapeuta, ingerir certos alimentos fora do horário de plenitude de energia desequilibra as funções de outros órgãos, por se tratar de um sistema integrado.


Resultados

A dietoterapia chinesa é indicada para pessoas de todas as idades, mas antes é preciso uma avaliação energética individual. “É feita uma avaliação na qual investigamos a alimentação, a rotina e os problemas de saúde que a pessoa apresenta. A partir disso, indicamos quais alimentos devem ser consumidos e em quais momentos do dia, para que isso beneficie o corpo adequadamente”, explica Arantes.

De acordo com a terapeuta, embora o objetivo não seja emagrecer, as pessoas acabam perdendo peso por causa da reeducação alimentar e do equilíbrio energético promovido pela dieta.

O nutrólogo José Alves Lara Neto, vice-presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) , questiona a eficácia desse método. “Cada cultura tem sua realidade, mas acredito na questão do ciclo biológico. Os sabores e temperatura dos alimentos não são capazes de curar enfermidades, por exemplo. É mais uma questão de cultura do que uma terapia”, afirma.

Em contrapartida, a nutricionista Simone Carrera Fernandes, que conheceu a medicina chinesa por meio da irmã, está seguindo a dietoterapia há cerca de três meses e conta que o resultado é significativo.

“Tenho entendimento sobre dieta e sobre os alimentos, e sei que esse método vai na contramão do que eu estudei, mas senti a diferença. Houve uma redução do peso, nunca mais tive mal-estar e dores que costumava ter com frequência”, afirma.

 

Algumas emoções estão relacionadas às funções orgânicas

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    A interação das emoções com o corpo físico é um aspecto essencial na medicina tradicional chinesa. As sete emoções básicas relacionadas às funções orgânicas são raiva, alegria, preocupação, pensamento obsessivo, tristeza, medo e choque (pavor).

    Cada órgão corresponde a uma emoção e o desequilíbrio dessa emoção pode afetar a função do órgão. Por exemplo:

    A raiva está associada ao fígado. Numa visão mais a longo prazo, a raiva ou frustração reprimida normalmente causa a estagnação da energia vital (qi) e isso pode resultar em depressão ou desordens menstruais.

    A emoção da alegria está ligada ao coração. O desequilíbrio surge quando entusiasmo ou estímulos excessivos ocorrem ou boas notícias súbitas chegam como um choque para o sistema.

    A preocupação, uma emoção muito comum em nossa sociedade repleta de estresses, pode esgotar a energia do baço. Isso pode causar distúrbios digestivos e acabar levando à fadiga crônica.

    Pensar excessivamente ou obsessivamente sobre um assunto também pode esgotar o baço, o que causa a sua estagnação. Uma pessoa com essa condição pode exibir sintomas como falta de apetite (em inglês), esquecimento de se alimentar, e inchaço após comer. Eventualmente, isso pode afetar o coração, fazendo a pessoa sonhar com os mesmos assuntos à noite.

    A tristeza ou pesar afeta os pulmões, produzindo fadiga, falta de ar, choro ou depressão.

    O choque é especialmente debilitante para os rins e o coração. A reação "lutar ou fugir" causa uma liberação excessiva de adrenalina das glândulas adrenais (em inglês) ou supra-renais, que se localizam sobre os rins. Isso faz o coração responder com palpitações, ansiedade e insônia. O estresse crônico oriundo do choque pode ser muito debilitante para o sistema inteiro, causando uma ampla gama de problemas.

    A emoção do medo está relacionada com os rins. Essa ligação pode ser prontamente percebida quando o medo extremo faz uma pessoa urinar incontrolavelmente. Nas crianças isso também se manifesta quando elas urinam na cama (em inglês), o que os psicólogos associaram com insegurança e ansiedade.

    Para saber mais, visite o site HST.