Argentino do Mais Médicos é investigado por suposto erro ao receitar droga
Um médico argentino que atua em Tramandai (RS) pelo programa Mais Médicos está sendo investigado pelo Cremers (Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul) por supostamente ter prescrito uma dose exagerada de antibiótico a um paciente.
A denúncia partiu de uma foto da receita que circulou pelo Twitter no fim de semana. A imagem mostra o carimbo com o nome de Juan Pablo Cajazus e o número PPM 38128, junto à prescrição de 500 mg de azitromicina a cada oito horas. Segundo os autores do post, trata-se de uma superdosagem capaz de matar o paciente.
Segundo o presidente do Cremers, Fernando Weber Mattos, um processo de sindicância será aberto para investigar a conduta do médico.
“Vamos abrir uma sindicância no sentido de apurar o que existe de verdadeiro sobre essa denúncia da rede social. Esse médico foi liberado por nós no dia 19 de setembro para trabalhar em Tramandaí atendendo a solicitação do Ministério da Saúde”, disse.
O Ministério da Saúde disse nesta terça-feira (15) que enviou um médico supervisor vinculado ao programa para avaliar a atuação do profissional sobre o que chamou de “dose possivelmente inadequada de um antibiótico”.
Desde 1º de outubro Cajazus trabalha na Unidade Básica de Saúde de Nova Tramandaí, na região norte do balneário. O argentino de Buenos Aires é clínico-geral e faz turnos de segunda a sexta-feira, das 8 às 11:30 horas e das 13 às 17:30 horas no posto.
Segundo o secretário municipal de Saúde de Tramandaí, Mário Mitsuo Morita, 57, não houve erro na prescrição. Ele diz que o paciente atendido era um senhor de 64 anos com derrame pleural, popularmente conhecido como água no pulmão.
“Hoje conversei com esse médico e acredito que não houve erro, mas que [a prescrição] estava dentro do entendimento clínico dele. Ele pediu primeiro um raio-X, deu a medicação e ficou acompanhando".
Durante a consulta realizada na última terça-feira (8), Cajazus teria submetido o paciente a um exame de raio-X antes de prescrever o medicamento, que deveria ser tomado por dois dias. O paciente teria retornado na sexta-feira (11), sem grandes problemas, de acordo com o secretário.
Insatisfação
Para Morita, a veiculação da foto na rede social pode ser resultado da insatisfação de alguns médicos da cidade com a contratação do argentino. Segundo o secretário, antes da vinda do clínico-geral, a UBS tinha apenas médicos que trabalhavam por lá em esquema de plantão, ganhando de R$ 70 a R$ 100 por hora.
“Com a chegada desse médico, não precisamos mais de plantonistas. Muitos não gostaram disso porque deixaram de ganhar. Acredito que essa denúncia possa ter vindo de algum desses médicos”, disse.
Com a polêmica, o chefe de gabinete da secretaria municipal, Valdir Borges da Silva, disse ter procurado o paciente para rever a receita, mas não o encontrou mais no endereço informado.
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“Como aqui é um balneário, provavelmente se trata de um turista. Não conseguimos ainda encontrá-lo no telefone que ele deu, nem no endereço. Já fui lá várias vezes”, afirmou.
Segundo o pneumologista José Miguel Chatkin, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Pneumologia, a dosagem indicada na receita não causaria danos mais sérios a um paciente com problemas respiratórios, mas não é indicado para os casos de derrame pleural.
“É mais frequente um tratamento com azitromicina em dosagem única diária, mas em algumas situações, como uma pneumonia, pode ser usada uma dosagem maior”, comentou.
O pneumologista avalia que a dosagem prescrita pelo argentino pode causar "eventualmente uma intoxicação, mas nada muito sério”.
O UOL tentou falar por telefone com o médico argentino diversas vezes, mas sempre ouvia que o profissional estava em atendimento e não poderia falar com a reportagem.
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