No Rio, suspeito de ebola passa por exames e colhe amostra de sangue
Protagonista do primeiro caso de suspeita de ebola no país, um guineano de 47 anos chegou na manhã desta sexta-feira (10) ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em Manguinhos na zona norte do Rio de Janeiro. Após dar entrada na unidade, ele foi submetido aos primeiros exames, como medição de temperatura e pressão, e colheu amostras de sangue.
O material será enviado para análise ainda hoje para o IEC (Instituto Evandro Chagas) do Pará, onde são feitos os procedimentos laboratoriais da Fiocruz. O resultado preliminar, que deve sair em até 24 horas, mostrará se o paciente, que veio para o Rio após se atendido em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do município de Cascavel, no Paraná, na quinta-feira (9), foi ou não infectado pelo vírus que já vitimou milhares de pessoas em países da África.
As assessorias da Fiocruz e da Secretaria de Estado de Saúde, que participaram da operação montada para receber o africano na base aérea do Galeão, nesta manhã, informaram que mais detalhes sobre a transferência e o atendimento médico serão informados pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, e pelo secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, em entrevista marcada para 10h30, em Brasília.
O Ministério da Saúde afirma que "notificou a Organização Mundial de Saúde (OMS), às 01h11 (horário de Brasília) desta sexta-feira (10), conforme rege o Regulamento Sanitário Internacional. O documento prevê que, em caso de suspeita de ebola, o país tem até 24 horas para comunicar à OMS. Ou seja, o Brasil teria às 17h desta sexta-feira para realizar a notificação".
Segundo fonte ouvida pelo jornal "O Estado de S. Paulo", até a manhã desta sexta, o governo brasileiro não havia informado à OMS (Organização Mundial de Saúde) o caso de suspeita de ebola. A entidade indicou que estava sabendo da suspeita, mas apenas por meio de "artigos de imprensa".
"Por enquanto, não houve qualquer tipo de informação oficial para a OMS vinda das autoridades brasileiras sobre o caso suspeito de ebola", declarou Fadela Chaib, porta-voz da entidade em Genebra. Segundo ela, cerca de 50 casos suspeitos e rumores são monitorados diariamente pela OMS em Genebra.
Pelos regulamentos internacionais da OMS, "cada país deve notificar, pelos meios mais eficientes de comunicação, pelo ponto focal nacional, dentro de 24 horas, todos os eventos que possam constituir uma emergência de saúde pública de preocupação internacional dentro de seu território, assim como medidas de saúde implementadas em resposta a esses eventos".
Plano de contingência
A Secretaria de Estado de Saúde do Rio informou já ter elaborado um plano de contingência para tratar casos de contaminação pelo vírus ebola. De acordo com o órgão estadual, além do plano elaborado em parceria com Fiocruz, Corpo de Bombeiros e Secretaria Municipal de Saúde, há EPIs (equipamentos de proteção individual) estocado para os profissionais de saúde.
Natural de Guiné, o paciente tem 47 anos e relatou ter tido febre alta entre quarta (8) e quinta (9). Até o início da noite de ontem, ele estava em bom estado geral e, mantido em isolamento total. O paciente viajou de Cascavel para o Rio em uma aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira).
A transferência exigiu uma série de medidas que fazem parte de um protocolo internacional quando há casos suspeitos de ebola. A equipe estava paramentada com roupas especiais para evitar uma possível contaminação. O paciente, que também recebeu roupas especiais para a viagem, foi paramentado durante meia hora antes de seguir para o aeroporto.
Os três pilotos da aeronave da FAB também precisaram usar as vestimentas especiais para a viagem. O avião desembarcou na base aérea do Galeão, na Ilha de Governador, na zona norte do Rio. O paciente não passou pelas áreas comuns do aeroporto. Ele ficará totalmente isolado durante o período de observação.
Surto
Mais de 3.400 pessoas morreram e outras 4.500 estão infectadas em Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria, segundo o último balanço da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Por sua extensão, a atual epidemia não tem precedentes. Mas isso acontece também fato de se manifestar em várias regiões povoadas. As anteriores estavam localizadas em regiões isoladas e menos populosas da África central. A maior epidemia em 1976 afetou 318 pessoas, a maioria das quais morreu.
O ebola é causado por um vírus que provoca febre tão alta que leva à perfuração de vasos sanguíneos e, consequentemente, a hemorragia interna. Não existe vacina ou tratamento comprovado para a doença. (Com Estadão Conteúdo e Folha de S.Paulo)
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