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Bebê que aguarda decisão da justiça para transplante nos EUA sofre infecção

O menino Davi Miguel, que completa um ano em 12 de março, aguarda decisão definitiva da justiça para realizar tratamento e transplante nos Estados Unidos. Ele sofre da doença de inclusão das microvilosidades intestinais -- ou diarreia intratável --  que impede que qualquer alimento ingerido seja processado pelo organismo - Reprodução/Facebook
O menino Davi Miguel, que completa um ano em 12 de março, aguarda decisão definitiva da justiça para realizar tratamento e transplante nos Estados Unidos. Ele sofre da doença de inclusão das microvilosidades intestinais -- ou diarreia intratável -- que impede que qualquer alimento ingerido seja processado pelo organismo Imagem: Reprodução/Facebook

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

24/02/2015 19h03

O menino Davi Miguel, que completa um ano em 12 de março próximo, fez nesta segunda-feira (23) uma transfusão de sangue de emergência para combater uma anemia no Hospital Regional de Franca, interior de São Paulo. O bebê, que também vem sendo tratado de uma infecção tripla, sofre da doença de inclusão das microvilosidades intestinais -- ou diarreia intratável -- e somente um transplante realizado nos Estados Unidos pode resolver o problema. A moléstia impede que qualquer alimento ingerido seja processado pelo organismo.

A família aguarda uma decisão judicial na qual solicita que a União banque os custos do transplante e do transporte do menino para os EUA. Segundo o Hospital Regional de Franca, onde Davi Miguel está internado desde o quinto dia de vida, o quadro dele é estável e o bebê, embora tenha condições de respirar, recebe a ajuda de um balão de oxigênio para poupar energia.

Sem conseguir absorver os nutrientes, o menino apresenta peso bem abaixo do indicado para sua idade e só se alimenta através de uma sonda. Aliado ao longo tempo de internação, o quadro torna-se favorável para a instalação de outros problemas, como a anemia e as infecções. Hoje, o menino pesa pouco mais de seis quilos -- menos da metade do que seria normal para sua idade.

"Ele melhorou um pouco, mas estamos muito preocupados”, afirma a mãe Dinéia Silva Gama, 41. “Ele está tomando três tipos de antibióticos, mas temos fé que vai conseguir passar por mais essa provação".

Análise

A médica Gisela Paludeto Cruz, chefe do setor de UTI da maternidade do Hospital Regional de Franca, afirma que a demora na realização do transplante diminui as chances de vida de Davi Miguel.

Segundo a profissional, a média de sobrevida para crianças que nascem com essa doença é de seis meses. "Ou pelos problemas de nutrição ou por falhas no sistema imunológico, crianças que ultrapassam os seis meses são minoria", afirma a médica.

Justiça

O transplante é feito pelo Jackson Memorial Hospital, em Miami, mesma instituição onde a bebê Sofia Gonçalves aguarda para ser operada. A família já ingressou na Justiça Federal pedindo que o governo brasileiro custeie o tratamento. No começo do ano, a Justiça de Franca determinou à União o pagamento dos custos, mas uma decisão liminar do Tribunal Regional Federal desobrigou a União de arcar com as despesas.. Agora, a família espera o julgamento definitivo.

De acordo com o pai Jesimar Aparecido Gama, 45, a situação é ainda mais angustiante por conta da espera pela decisão da Justiça Federal. "Meu filho pode morrer a qualquer momento e já fizemos tudo o que era possível. Sinto uma impotência sem tamanho", afirma.

Na decisão em segunda instância, o desembargador Fábio Prieto, presidente do TRF (Tribunal Regional Federal) de São Paulo argumentou que o baixo peso do bebê impede a remoção imediata para a realização do transplante. O ideal é que o procedimento seja feito em crianças com mais de sete quilos.