Dor de cabeça, dermatites: saiba como evitar efeitos do tempo seco no corpo
Excesso de catarro, sensação de areia nos olhos, garganta seca, pele coçando e dor de cabeça. Esses efeitos podem ser causados pelo tempo seco. Há 48 dias não chove em São Paulo. Brasília passou dos 70 dias sem precipitação significativa, assim como Belo Horizonte.
O índice de umidade do ar alcançou mínimas em torno de 20% no Estado de São Paulo, de acordo com o Inmet (Instituo Nacional de Meteorologia). Em cidades de Mato Grosso, como Chapada dos Guimarães, a umidade relativa do ar varia entre 12% e 20%, índice considerado de risco à saúde. A Organização Mundial da Saúde estabelece o nível acima de 60% de umidade como o de bem-estar para as pessoas.
"Esse tempo faz com que partículas fiquem mais tempo no ar", explica Alexandre Kawassaki, pneumologista do Hospital 9 de Julho. Isso vale para as partículas de poluição e para a poeira doméstica --que contém muitos ácaros. Com a menor umidade do ambiente, as secreções produzidas pelo corpo não dão conta de manter a hidratação necessária.
O tempo seco afeta ainda os Estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Rondônia. Também sofrem com o tempo seco o leste de Minas Gerais, o oeste do Acre, o sul do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e Ceará, o oeste do Paraná e de Santa Catarina e o noroeste do Rio Grande do Sul
Os efeitos do ar seco no corpo serão mais severos conforme a pessoa. "Depende da sensibilidade de cada um, mas as pessoas podem ficar com os olhos, a boca e o nariz mais secos", diz Kawassaki. "Quem possui fragilidade na mucosa pode ter sangramento nasal", completa o médico.
A situação só deve começar a mudar na quarta-feira, quando uma frente fria se aproxima do sul de Mato Grosso do Sul, onde pode chover à noite. A massa deve seguir em direção ao oceano, passando por São Paulo, onde a expectativa é que chova na quinta (3).
Até lá, quem possui doenças crônicas, como asma, rinite e sinusite, sofre com crises mais frequentes: mais coriza, dificuldade respiratória e até mesmo dores de cabeça, causadas pelo agravamento da sinusite.
Contra o tempo seco, a estratégia é hidratar o corpo e umidificar o ambiente. Beber líquidos, lavar o nariz e os olhos com soro fisiológico e utilizar umidificadores de ambiente ajudam a prevenir e aliviar os sintomas de problemas respiratórios.
Bacias de água e toalhas molhadas espalhadas pelo ambiente podem ser usadas por quem não possui um umidificador.
E a pele?
Outro problema é o efeito do tempo seco sobre a pele, que fica mais seca e pode sofrer com dermatites, como descamação, vermelhidão e coceira.
A falta de hidratação da pele pode ocasionar rachaduras e feridas. "Costas e rosto possuem mais glândulas sebáceas e sofrem menos. As regiões que não produzem secreção sebácea, como braço e perna, chegam a descamar", explica a dermatologista Caroline Semerdjian.
As pessoas que naturalmente possuem a pele mais seca, como idosos, crianças e mulheres que estão no período pós-menopausa precisam de mais cuidados.
Para a pele seca, óleos e hidratantes podem garantir a hidratação. Para quem possui a pela seca, a dermatologista recomenda passar óleo de amêndoa com a pele úmida, o que possibilita absorção maior.
"Uma pessoa idosa pode passar óleo de amêndoa no rosto. Já um jovem pode ficar com óleo demais, o que causa espinha. No caso dos hidratantes, quem tem pele mais seca e mais grossa pode usar um mais espesso. Quem tem pele mais oleosa deve usar os mais fluidos e leves, que melhoram o ressecamento mas não deixam pele melecada", explica.
Também é importante evitar banho muito quente e muito longo, uso de bucha (que remove o pouco de oleosidade e secreção que a pele produz), e sabonete antibacteriano.
Para lavar o corpo, o mais indicado são os sabonetes neutros (como o glicerinado) ou infantis.
Exercício físico tem hora
É importante também evitar a prática de atividades físicas ao ar livre entre as 10h e as 17h , quando o trânsito de veículos é maior e a poluição do ar, mais elevada.
"Quem toma remédio de uso contínuo deve manter a medicação e procurar um médico se precisar", diz Kawassaki. A inalação é indicada para casos de asma e bronquite mais agudos. Existem colírios especiais para quem tem olhos secos, que podem ser indicados por um oftalmologista.
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