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Corte ou queimadura à noite demora mais para cicatrizar do que de dia

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

09/11/2017 08h36

Feridas que ocorrem à noite cicatrizam muito mais devagar. Isso porque o relógio interno do corpo humano, que regula o ritmo de cicatrização, funciona melhor durante o dia. A conclusão é de uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (8) na revista Science Translational Medicine.

Os pesquisadores descobriram que cortes e queimaduras são curados cerca de 60% mais rápido quando a lesão acontece durante o dia do que quando ocorre à noite. De acordo com o estudo, o relógio biológico do corpo, ou ritmo circadiano, é o motivo dessa diferença, porque regula processos fundamentais do corpo, incluindo o sono, o metabolismo e secreção hormonal.

"Esta é a primeira vez que foi demonstrado que o relógio circadiano dentro de células individuais da pele determina o quão efetivamente elas respondem a lesões", disse o autor sênior do estudo John O'Neill, cientista do Laboratório de Biologia Molecular do Conselho de Pesquisa Médica em Cambridge. "Nós observamos consistentemente uma diferença de cerca de duas vezes na velocidade de cicatrização de feridas entre o dia e a noite do relógio biológico", acrescentou.

Pode ser que nossos corpos tenham evoluído para se curar mais rapidamente durante o dia, quando os ferimentos são mais prováveis de ocorrer

John O'Neill, um dos autores do estudo

O estudo foi baseado em experimentos usando camundongos vivos e células de pele humana em laboratório, e foi corroborado por registros de 118 pacientes com queimaduras de grandes centros médicos especializados da Inglaterra e do País de Gales.

As queimadas noturnas (ocorridas entre 20h00 e 8h00) levaram em média 60% mais tempo para cicatrizar, tendo sido 95% curadas após uma média de 28 dias, disse o estudo.

As queimaduras ocorridas durante o dia cicatrizaram em apenas 17 dias, em média, porque as células da pele se moviam para o local da ferida muito mais rápido durante o dia, para repará-la com proteínas como a actina e o colágeno.

O mesmo processo foi aparente em ratos e células humanas em laboratório, sugerindo que o relógio circadiano interno do corpo é responsável por esse processo.

Pesquisas mais aprofundadas sobre o vínculo entre os relógios biológicos e a cicatrização de feridas podem nos ajudar a desenvolver medicamentos que previnam a cicatrização defeituosa das feridas ou até nos ajudar a melhorar os resultados cirúrgicos, disse o autor principal do estudo, Ned Hoyle, também do Laboratório de Biologia Molecular. 

Os pesquisadores verificaram que diversas proteínas envolvidas no processo de cicatrização, como a actina, atuavam com maior rapidez durante as horas de luz.

Além disso, puderam observar que nos ferimentos produzidos durante o dia, o organismo depositava mais colágeno, que é a principal proteína estrutural da pele, no ponto afetado, onde permanecia por um período de até duas semanas. (Com agências internacionais)