Menino sem parte do cérebro responsável por visão enxerga e intriga médicos
A visão de um menino australiano está intrigando cientistas. Ele não enxerga muito bem e precisa estar perto de objetos para identificá-los. Mas por ter perdido a área do cérebro responsável pela visão, o esperado era que ele não enxergasse nada.
Ao nascer, o menino de 7 anos, identificado pelos médicos como "BI", sofreu danos no córtex visual primário devido a uma rara desordem metabólica. Essa parte do cérebro possibilita o exercício da memória visual e processa sinais enviados pelos olhos.
Quem sofre danos no córtex visual perde a capacidade de ver, ainda que os olhos continuem funcionando perfeitamente. É o que se chama de "cegueira cortical". Algumas pessoas com essa condição continuam capazes de se movimentar desviando de obstáculos, apesar de não terem consciência de que estão visualizando o ambiente ao seu redor.
Já BI, além de conseguir se movimentar, possui consciência do que vê. "Você não diria que ele está cego. Ele se locomove sem nenhum problema, joga futebol e vídeogame", disse Iñaki-Carril Mundiñano, da Universidade de Monash, em Melbourne, na Austrália, ao site IFL Science.
Um estudo sobre a condição de "BI foi apresentado em encontro na Sociedade Australiana de Neurociência. Os pesquisadores fizeram uma série de testes para ver se o menino poderia identificar objetos e cores. Ele conseguiu pegar blocos de diferentes tamanhos e dizer se imagens de faces humanas tinham expressão feliz, de medo ou neutra.
"Ele tem algumas dificuldades para identificar objetos com uma cor falsa, por exemplo, uma 'banana azul', mas ele não tem problemas para identificar uma banana amarela", diz Mundiñano.
Cérebro adaptável
Para os médicos, a visão consciente do garoto é possível hoje porque o dano que ele sofreu no córtex primário ocorreu quando era recém-nascido, dando tempo para que o cérebro se adaptasse.
Nos estudos realizados, foram identificadas fibras neurais em regiões do cérebro responsáveis pelo controle sensorial e pela percepção de movimentos que indicariam a readaptação do cérebro de BI.
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