Vacina experimental contra zika é "potente, segura e eficaz", diz estudo
Uma vacina experimental criada para combater o zika vírus foi muito bem-sucedida em camundongos, revela pesquisa da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos. A descoberta foi publicada na edição atual do jornal especializado “Nature Communications”.
Trata-se de uma vacina de dose única criada a partir dos genes de até três proteínas do zika. O imunizador conseguiu impedir a infecção pelo vírus de forma “potente, segura e altamente eficaz, pelo menos a curto prazo”, afirmou à "Nature Communications” o professor de ciências veterinárias que liderou o estudo, Jianrong Li. “Há um longo caminho a percorrer, mas achamos que este é um candidato promissor para uma vacina humana."
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A descoberta tenta prevenir os principais efeitos de quem é infectado pelo zika: bebês podem nascer com microcefalia; gestantes correm o risco de sofrer aborto espontâneo; a criança pode nascer morta, ou com defeitos congênitos. Embora algumas vacinas estejam em testes, a única proteção contra o zika ainda é a prevenção, como o uso de repelente.
Shan-Lu Liu, coautor do estudo, acredita que a vacina experimental é particularmente promissora porque oferece resposta imunológica satisfatória com uma única dose. “Valiosa” em áreas empobrecidas ou de difícil acesso.
Quando este estudo começou, a equipe de cientistas procurava um “veículo” para introduzir as proteínas do zika no organismo. Foi quando decidiram usar o VSV, o vírus da estomatite vesicular --uma doença ligada à febre aftosa em bovinos que em sua forma enfraquecida é inofensiva a humanos e ratos. O VSV tem sido usado em outras vacinas, incluindo uma bem-sucedida contra o ebola, usada na prevenção de surtos em humanos na África.
"É uma boa plataforma para vacinas humanas porque as pessoas não têm nenhum anticorpo contra isso, o que permite que o VSV transporte com sucesso a vacina sem ser interrompido pelo sistema imunológico", explicou o coautor Mark Peeples, pesquisador do Nationwide Children's Hospital, em Columbus.
Como as vacinas funcionam?
Os pesquisadores criam as vacinas a partir de partículas do próprio agente causador da doença, mas em sua forma enfraquecida ou morta. As vacinas se passam pelo vírus ou bactéria e, assim, estimulam a produção de anticorpos, ensinando o organismo a se defender. Quando o ataque de verdade finalmente acontece, os anticorpos se reativam pela memória do sistema imunológico.
O trabalho de Li é conseguir enfraquecer o VSV para não causar problemas e depois inserir genes de outros vírus para produzir vacinas poderosas, disse Peeples, o primeiro a incentivar Li a aplicar seus estudos na fabricação de vacina contra o zika.
Li adicionou a proteína NS1, produzida depois que o zika infecta uma célula. “É o que esse inseto usa para se replicar quando está dentro do hospedeiro", disse Prosper Boyaka, coautor e professor de ciências biológicas em Ohio.
O estudo incluiu experimentos em camundongos com sistemas imunes bastante comprometidos. Quando eles foram vacinados e depois expostos ao vírus zika, seus sistemas imunológicos fracos resistiram rápida e eficientemente, convencendo a equipe de pesquisa de que o projeto havia funcionado.
O sucesso inicial encorajou a equipe a se valer da mesma abordagem para combater outros vírus relacionados, incluindo a dengue. "Estamos muito entusiasmados”, disse Anzhong Li, aluno de pós-graduação no laboratório de Jianrong Li.
Peeples antecipa o próximo desafio da vacina: “Será que ela também protegerá os humanos?”.
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