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Surtos de sarampo aumentam 300% no mundo, alerta OMS; índice no Brasil cai

A queda na cobertura vacinal em algumas regiões é apontada como causa para surtos de sarampo que têm sido observados em diversos países - Getty Images
A queda na cobertura vacinal em algumas regiões é apontada como causa para surtos de sarampo que têm sido observados em diversos países Imagem: Getty Images

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

15/04/2019 15h58

Os casos de sarampo no mundo aumentaram 300% entre janeiro e março de 2019 na comparação com os três primeiros meses do ano passado. Apesar de preliminares, os dados divulgados hoje pela OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram aumentos em todos os continentes, principalmente África e Europa.

O órgão recebeu o relato de 112.163 casos de sarampo em 170 países de janeiro a março. No mesmo período do ano passado, foram 28.124 casos em 163 países.

Globalmente, isso é quase um aumento de 300%. Na África, o aumento foi de 700%, seguida por Europa (300%), Oriente Médio (100%), Américas (60%) e Sudeste Asiático (40%)
Organização Mundial da Saúde (OMS)

Os índices, porém, ainda podem ser muito maiores. A OMS estima que menos de 1 em cada 10 casos seja de fato reportado. "Embora esses dados sejam provisórios, isso indica uma tendência clara", informou a OMS em comunicado. "Muitos países estão em meio a surtos consideráveis de sarampo, com todas as regiões do mundo experimentando aumentos nos casos."

O órgão destaca a existência de surtos "causando mortes principalmente entre crianças" em pelo menos 11 países: República Democrática do Congo, Etiópia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Madagascar, Mianmar, Filipinas, Sudão, Tailândia e Ucrânia.

Nos últimos meses, no entanto, houve picos em países com alta cobertura vacinal, incluindo os Estados Unidos, Israel, Tailândia e Tunísia. A razão, diz a OMS, é que "a doença se espalhou rapidamente entre grupos de pessoas não vacinadas".

Brasil

Embora a OMS destaque que "os dados são incompletos porque muitos países que enfrentam grandes surtos ainda estejam relatando dados", o Brasil relatou menos casos entre janeiro e março deste ano na comparação com o mesmo período de 2018: foram 48 diagnósticos (todos em março), contra 82 no ano passado, oito em fevereiro e 74 em março.

Em todo o ano passado, foram 10.326 casos relatados pelo Brasil à OMS, e 11.558 doentes desde 2008. A volta do sarampo no país começou oficialmente em janeiro de 2018, quando a primeira suspeita foi registrada a partir de pacientes venezuelanos que chegavam ao Brasil fugindo da pobreza e da crise no país vizinho. Roraima, Amazonas, Pará, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro foram os Estados que mais sofreram.

Com os registros de sarampo comunicados este ano, o Brasil confirma que as infecções pelo vírus circulam em território nacional por mais de um ano, o que custará o certificado de que o país erradicou a doença, um documento concedido em 2016 pela OMS.

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, a cidade de Nova York declarou emergência em razão de um surto no Brooklyn. A prefeitura exigiu que os moradores não vacinados na região tomem a vacina sob o risco de pagar multas. Ao todo, 285 casos foram confirmados entre uma comunidade judaica ortodoxa no bairro de Williamsburg.

Em todo o país, 465 casos foram confirmados em 19 estados, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

O sarampo é uma das doenças mais contagiosas. Em 2017, foram 110 mil mortes em todo o mundo. Quem sobrevive corre o risco de conviver com alguma de suas complicações, "mesmo em países de alta renda". "Até um quarto das hospitalizações podem causar desde danos cerebrais e cegueira até perda auditiva", diz a OMS.

A doença é quase totalmente evitável através de duas doses da vacina. "Durante vários anos, no entanto, a cobertura global com a primeira dose da vacina contra o sarampo parou em 85%. Isso ainda está aquém dos 95% necessários para evitar surtos", conclui a OMS.

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