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Coronavírus altera hábitos das igrejas durante a quaresma

Fiéis católicos rezam com máscara em igreja em Manila, nas Filipinas  - Ted Aljbe/AFP
Fiéis católicos rezam com máscara em igreja em Manila, nas Filipinas Imagem: Ted Aljbe/AFP

Carla Araújo

Colaboração para o UOL, em Brasília

02/03/2020 12h37

A presença confirmada do coronavírus no Brasil — há dois casos de covid-19 em São Paulo — alterou hábitos de igrejas pelo país, em pleno período da quaresma (40 dias após o Carnaval que prepara os católicos para a celebração da Páscoa). Rezar o pai-nosso de mãos dadas, comungar recebendo a hóstia direto na boca e dar o abraço de "paz de Cristo" são alguns dos comportamentos que estão sendo desestimulados por padres para evitar a propagação da doença.

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) diz que as decisões cabem a cada arquidiocese ou diocese e que não indica as normas, ou seja, cada local deve observar sua realidade e indicar as providências necessárias. "Cabe, portanto, aos arcebispos e bispos orientarem seus sacerdotes, bem como aos fiéis observarem as regras de higiene compatíveis com o momento", disse a entidade por meio de sua assessoria.

Ontem, o papa Francisco anunciou que não participará de um retiro espiritual de seis dias com a Cúria em Ariccia, ao sul de Roma, por conta de um resfriado. O porta-voz do pontífice, Matteo Bruni, rejeitou qualquer especulação sobre uma possível contaminação do coronavírus, e disse que acompanhará as orações.

No Brasil, até ontem, havia 252 casos suspeitos da doença.

De acordo com informações da CNBB, as arquidiocese mineiras de Belo Horizonte, Uberaba e Juiz de Fora, e as nordestinas de João Pessoa e Rio Grande do Norte divulgaram comunicado justamente com essas orientações para que os hábitos da comunhão e do abraço da paz sejam revistos. Segundo o comunicado das arquidioceses, a medida se dá devido aos casos suspeitos nas cidades e como forma de prevenção e combater a proliferação do coronavírus.

Na Coreia do Sul, pela primeira vez em seus 236 anos de história, a Igreja Católica decidiu interromper as missas em mais de 1.700 locais em todo o país. Os templos budistas também cancelaram os eventos, enquanto as principais igrejas cristãs realizavam cerimônias online. O país registra 22 mortes pela doença, 4 delas anunciadas hoje.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) elevou para "muito alta" a avaliação de risco para o novo coronavírus em nível global. A mudança ocorre após aumento de casos confirmados fora da China.

Mais de 3.000 mortes pelo mundo

O balanço mundial da epidemia do novo coronavírus ultrapassou hoje a marca de 3.000 mortes, ao mesmo tempo que aumentam os casos de contágios na Itália e na Coreia do Sul.

As autoridades da China anunciaram 42 motos hoje, o que eleva o número de mortos no país a 2.912.

A epidemia de covid-19, que parece em queda na China, onde foram adotadas medidas de quarentena para mais de 50 milhões de pessoas, piora em outros países do mundo.

A Coreia do Sul, o país com o ritmo mais acelerado de propagação da epidemia, anunciou nesta segunda-feira quase 500 novos contágios, o que eleva o total a mais de 4.000.

A prefeitura de Seul iniciou uma ação por homicídio contra os líderes da Igreja de Jesus Shincheonji, principal vetor da epidemia. O movimento religioso é acusado de não ter permitido ações para impedir a propagação do coronavírus.

O líder da seita, relacionada à metade dos casos do novo coronavírus na Coreia do Sul, pediu desculpas pela responsabilidade de sua organização na propagação da epidemia.

A Itália detectou quase 500 novos contágios no domingo, um aumento exponencial que eleva o balanço a quase 1.700 no país. Também anunciou mais cinco mortes (34 no total), em três regiões do norte do país: Lombardia, Emilia Romagna e Veneto.

A França, um novo eixo de contágio na Europa, contabiliza 130 casos e duas mortes.

O Museu do Lovure da capital francesa, que em 2019 recebeu 9,6 milhões de visitantes, permaneceu fechado no domingo, depois que os funcionários reivindicaram o direito de interromper o trabalho em consequência da epidemia.

A Feira do Livro de Paris também cancelou a edição de 2020.