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Coronavírus: Bélgica registra primeira morte; governos da UE aumentam ações

4.mar.2020 - Pessoas usam máscaras por causa do coronavírus no aeroporto internacional de Zaventem perto de Bruxelas, na Bélgica - Yves Herman/Reuters
4.mar.2020 - Pessoas usam máscaras por causa do coronavírus no aeroporto internacional de Zaventem perto de Bruxelas, na Bélgica Imagem: Yves Herman/Reuters

Do UOL, em São Paulo

11/03/2020 07h12

Uma pessoa de 90 anos morreu na Bélgica vítima do novo coronavírus, o primeiro caso fatal no país vinculada à epidemia.

A ministra belga da Saúde, Maggie de Block, fez o anúncio em um comunicado, mas não revelou o sexo da pessoa. A Bélgica registrava na terça-feira 267 casos da covid-19.

Enquanto na China os casos da covid-19 diminuem, a disseminação da doença cresce na Europa e os governos de países como Espanha, França, Alemanha e Itália.

Espanha adota medidas para evitar a situação da Itália

Diante da triplicação dos casos desde a noite de domingo, a Espanha anunciou ontem um pacote de medidas na tentativa de impedir a propagação do coronavírus.

As autoridades das regiões mais afetadas - Madri, País Basco e La Rioja - anunciaram o fechamento de escolas, universidades e creches até o final do mês. Os voos entre a Espanha e Itália foram suspensos e os jogos de futebol do Campeonato La Liga serão realizados em estádios vazios durante as próximas duas semanas.

Com 1.622 casos e 35 mortos, de acordo com o balanço do Ministério da Saúde divulgado ontem à tarde, a Espanha é agora um dos países mais afetados do mundo e o mais afetado na Europa, depois da Itália. No domingo, registrava 589 casos.

Ontem, os líderes europeus concordaram em financiar pesquisadores para desenvolver vacina contra o novo coronavírus e adotar ações coordenadas para a aquisição de medicamentos, aparelhos médicos e equipamento de proteção hospitalar. Além disso, os estoques serão inventariados e a capacidade de produção de remédios avaliados para ajudar a preparar os sistemas de saúde do bloco.

Após a videoconferência entre os chefes de Estado e governo da UE, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou um fundo de investimento de 25 bilhões de euros para apoiar os sistemas de saúde, empregos e pequenas empresas do bloco.

"Iremos usar todos os fundos disponíveis para que a economia na União Europeia resista, seja resiliente e enfrente a tempestade", ressaltou.

60 milhões de italianos em quarentena

A Itália continua na triste liderança com o maior número de mortes e infectados pela covid-19 no bloco europeu. O país inteiro está em quarentena para tentar conter o novo coronavírus que tem sido veloz e feroz em solo italiano.

Hoje, o governo anunciou uma ajuda excepcional de 25 bilhões de euros (US$ 28,3 bilhões) para lutar contra a epidemia do novo coronavírus. Deste valor, metade será destinado ao atendimento urgente e o restante será utilizado em uma fase posterior. "Destinamos recursos extraordinários pelo total de 25 bilhões de euros", declarou o primeiro-ministro Giuseppe Conte.

Com mais de 10 mil casos diagnosticados e 631 mortes em 20 dias, o governo impôs restrições rígidas. Escolas e universidades estão fechadas, os eventos públicos - museus, cinemas, teatros, shows, jogos esportivos - foram cancelados.

Apesar do caos, há quem acredite que a crise trouxe o melhor das pessoas. "Tem gente fazendo serviço de entrega para os idosos evitando assim que eles saiam de casa, há também crowdfunding - financiamento coletivo - para hospitais em dificuldades", contou uma estudante italiana.

Governos europeus tentam acalmar população

No resto da Europa, a palavra de ordem é não entrar em pânico mas seguir as instruções básicas de lavar as mãos regularmente e evitar aglomerações. Mesmo assim, não há mais máscaras disponíveis nas farmácias; muitas delas tem listas de espera e nem sabem quando irão receber o produto.

Em Bruxelas, sede da União Europeia, 300 eventos foram cancelados no Parlamento Europeu. A entrada de centenas de visitantes diários nos prédios das instituições europeias foi proibida e permitida apenas para funcionários, que provavelmente devem aderir ao home-office, caso a crise aumente no país. O próprio presidente do legislativo do bloco, David Sassoli se auto impôs um isolamento em casa durante duas semanas após voltar da Itália.

Já a França - com 1.784 casos e 33 mortes - proibiu as reuniões com mais de mil pessoas em todo o território nacional. A Maratona de Paris e a partida de rugby Six Nations contra a Irlanda foram adiadas para outubro. Até o momento, há quatro regiões de risco no país: Morbihan, na Bretanha, Haute-Savoie, no leste francês, perto da fronteira suíça, e os departamentos de Oise e Haute-Rhin, no nordeste da França.

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu que a população restrinja visitas a idosos para protegê-los. O governo também divulgou um valor-limite para o preço do álcool em gel. "Estamos apenas no início desta epidemia", afirmou o chefe de Estado, em visita à sede do Samu de Paris na terça-feira (10).

Seguindo os passos dos países vizinhos, a Alemanha que tem mais de 1.200 casos confirmados do novo coronavírus e duas mortes, desincentivou a concentração de mais de mil pessoas colocando a segurança em primeiro lugar. Berlim anulou os espetáculos em todas as óperas, teatros e salas de concerto.

* Com AFP e RFI