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'Estamos achando graça, que não é conosco', diz ministro sobre coronavírus

Adriano Machado/Reuters
Imagem: Adriano Machado/Reuters

Constança Rezende

Do UOL, em Brasília

11/03/2020 23h09Atualizada em 12/03/2020 11h45

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fez um duro discurso na Câmara dos Deputados sobre o coronavírus para convencer parlamentares a liberar R$ 5,1 bilhões a serem gastos no enfrentamento da doença. A MP que disponibilizará esses recursos deve ser publicada amanhã.

Mandetta afirmou que podermos viver um período de "extrema dificuldade" e que os brasileiros ainda estão levando em tom de brincadeira o vírus, que já infectou 69 pessoas no País. Recentemente, o próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que a havia muita "fantasia" quanto à pandemia e que a covid-19 "não é tudo isso que a mídia propaga".

Ele comparou o Brasil ao Japão e a Coreia do Sul que, segundo o ministro, estão conseguindo enfrentar melhor a situação pela sua "disciplina".

"Eles conseguem porque o povo [japoneses e coreanos] acredita no que a autoridade está pedindo. Nós ainda estamos achando graça, chegamos nos lugares e nos beijamos, nos abraçamos, fazemos piadas, dizemos que isso não é conosco. Isso é conosco, isso está dentro da nossa antessala", alertou.

O ministro também afirmou que a pasta vai operar com sua capacidade máxima para o enfrentamento da doença e que, na semana que vem, vai "desospitalizar" quem não precisa de hospital para abrir novos leitos.

Mandetta calcula que ainda levará de quatro a cinco meses para que se construa uma imunidade coletiva da doença. Também alertou que algumas medidas como a ausência no trabalho de pessoas suspeitas da doença, por exemplo, vão precisar ser tomadas.

"Precisamos definir se serão faltas autodeclaradas ou se vamos mandar pessoas para postos de saúde para justificar. Temos cenários muito complexos e vou precisar muito da parceria do Parlamento. Teremos dias duros e dias de conquistas", admitiu o ministro aos congressistas.

'Situação é alarmante'

Luiz Henrique Mandetta também anunciou que, a partir da semana que vem, a contaminação pelo coronavírus se dará em "progressão geométrica". Segundo o ministro, a situação é alarmante e o País deve se preparar.

Ele ainda fez um apelo por recursos e disse que o SUS (Sistema Único de Saúde) não vai suportar toda a demanda. Por isso, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) vai obrigar hospitais privados e planos de saúde a atender pacientes e lidar com tudo o que diz respeito à covid-19.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado no último parágrafo, ANS é a sigla para Agência Nacional de Saúde Suplementar, e não Agência Nacional de Saúde. A informação foi corrigida.