Mofo, seringas usadas e botox vencido: Anvisa fecha 8 clínicas estéticas
Ler resumo da notícia
Oito clínicas de estética e embelezamento em São Paulo, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte foram interditadas por irregularidades graves.
O que aconteceu
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e vigilâncias sanitárias estaduais e municipais fizeram uma operação de fiscalização nesta semana. A ação foi batizada de "Estética com Segurança" e deflagrada, segundo a agência, em um momento de "aumento dos relatos de eventos adversos graves ocorrendo em clínicas de estética ou após procedimentos".
Imagens divulgadas pela Anvisa mostram o teto de um estabelecimento mofado e produtos fora da validade e armazenados de forma inadequada. As fotos também indicam que, em um dos locais, seringas usadas viraram objeto de decoração, quando deveriam ter sido descartadas. Os agentes também flagraram frascos de fenol, produto que está proibido em todo o país.

Mais de 50 fiscais inspecionaram 31 estabelecimentos. Cinco no Distrito Federal (Brasília e Guará), seis em Belo Horizonte (MG), nove em Goiânia (GO) e 11 no estado de São Paulo (Osasco, Barueri e na capital paulista). Segundo a Anvisa, os agentes encontraram "algum nível de irregularidade" em 30 deles, contra os quais serão abertos processos administrativos sanitários de apuração e aplicação de penalidades.
Os órgãos detectaram problemas relacionados à ausência de boas práticas no funcionamento dos serviços em todos os estados. Por exemplo:
falta de procedimentos e protocolos para a segurança do paciente;
ausência de prontuário (o que dificulta a investigação em caso de evento adverso);
falta de plano de gerenciamento de resíduos;
falhas na limpeza e esterilização de equipamentos;
e condições inadequadas, como a ausência de pias e dispensadores de álcool para a higiene das mãos.
Em nota, a Anvisa informou que os estabelecimentos vistoriados foram escolhidos após denúncias de clientes. De acordo com a agência, a seleção também foi motivada pelo alto número de publicidade das clínicas em mídias tradicionais ou em redes sociais. A operação também inclui a inspeção de fabricantes de dispositivos médicos nas regiões Sul e Centro-Oeste.
O que a Anvisa identificou em cada estado?
São Paulo
Os fiscais inspecionaram 11 serviços de estética e embelezamento na capital, em Osasco e Barueri. Eles identificaram produtos sem registro e manipulados em escala de produção industrial, o que é proibido.
Encontraram toxina botulínica —botox— com a validade expirada há dois anos. As equipes detectaram que uma das clínicas realizava transplantes capilares sem estrutura mínima. Também identificaram ampolas com combinação de produtos, mas sem a devida identificação nos rótulos.
Distrito Federal
A operação encontrou medicamentos vencidos ou sem registro no Brasil, descarte incorreto de resíduos, falhas de higiene e problemas na estrutura física. Havia botox e outros produtos médicos armazenados sem controle de temperatura e procedimentos invasivos realizados sem a devida autorização.
Um dos estabelecimentos não tinha alvará sanitário e não poderia estar funcionando. Em outro, não havia profissional de saúde habilitado para assumir a responsabilidade técnica pelos procedimentos. Os agentes também identificaram que não havia pias para lavar as mãos em alguns locais.
Em cinco clínicas inspecionadas no DF, foram observados resíduos, como ampolas, seringas e frascos, sendo usados como material decorativo. A Anvisa informou que as clínicas terão que comprovar a destruição dos itens nos próximos dias, "pois o descarte adequado é necessário para evitar a reutilização, contaminação ou acidentes com partes perfurocortantes".

Goiás
Das nove clínicas inspecionadas, apenas uma não tinha irregularidades. Nas outras, havia cosméticos e medicamentos injetáveis vencidos e frascos de fenol, substância proibida pela Anvisa por falta de comprovação de segurança e eficácia.
Um dos estabelecimentos não tinha protocolo de segurança dos pacientes, e as equipes descobriram anotações referentes a dois casos de infecção. Um deles por micobactéria, após procedimentos realizados na clínica. Esses casos não haviam sido notificados ao sistema de saúde público, contrariando a legislação, que estabelece a notificação compulsória para infecções graves.
Minas Gerais
Em um dos seis estabelecimentos vistoriados em Belo Horizonte, os fiscais descobriram que instrumentos para microagulhamento da pele eram reutilizados em diversos pacientes. Segundo a Anvisa, os dispositivos perfuram a pele com agulhas, sob a promessa de estimular a produção de colágeno e melhorar a textura da pele.
Durante o processo, geram-se sangue e secreções, o que implica que cada dispositivo deve ser usado uma única vez por paciente, sendo descartado em seguida. A reutilização desses materiais envolve risco de transmissão de infecções e doenças.
Anvisa

A operação flagrou produtos de preenchimento, como ácido hialurônico, já abertos e usados, aguardando novo uso, além de falhas na esterilização de utensílios. Também foram encontrados produtos de uso único sendo reprocessados para novo uso, o que é expressamente proibido.
5 comentários
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.
Freddy Grandke
Toda fábrica ou estabelecimento que coloca em risco a vida das pessoas iludidas por propaganda enganosa, deveria ser sumáriamente preso. O que o Congresso Nacional espera acontecer ? Estão tapando o sol com peneira, porque, acredito, que suas muheres e amantes são usuárias desses serviços e naõ estão preocupados com os outros.
Miriam do Rosario
Seria conveniente conhecer o nome dessas clínicas!
Luiz Roberto Pasquale
Não tem uma " ANVISA" para fiscalizar os postos de Gasolina de São Paulo, nas mãos do PCC e examinar a qualidade dos combustíveis? Ah, a fiscalização não é feita por falta de verbas.