Conselho de medicina pede suspensão de atendimentos ambulatoriais
Em nota técnica publicada ontem e enviada a profissionais de saúde, o CFM (Conselho Federal de Medicina) traz um posicionamento detalhado da entidade no enfrentamento ao novo coronavírus, que causa a doença covid-19. O documento com 20 páginas recomenda uma série de medidas para evitar a contaminação em massa com o coronavírus.
Entre as recomendações está uma a gestores de hospitais, orientando que "suspendam os atendimentos ambulatoriais e a realização de procedimentos eletivos". "Os leitos hospitalares devem ser destinados prioritariamente aos pacientes com quadros graves de covid-19", diz o texto.
Outra medida é apontada como crucial para atender os pacientes: o bom uso dos insumos, que já estão em falta pelo país. "O uso racional dos insumos necessários para proteção dos profissionais de saúde, redução do contágio do coronavírus e diagnóstico e tratamento dos doentes hospitalizados pela covid?19 deve ser enfatizado, evitando?se o uso indevido, desperdícios e desabastecimentos", aponta.
O CFM ainda defende a prática de testes em todos os suspeitos que atuam na linha de frente. "O teste diagnóstico RT?PCR é insumo de máxima importância para o acompanhamento da epidemia e deve ser solicitado pelo médico ao seu paciente, conforme orientações do Ministério da Saúde. Os profissionais de saúde, mesmo com sintomas respiratórios leves, devem ser testados e receber orientação tempestiva", afirma.
Para os pacientes internados, as visitas hospitalares também devem ser restritas em função de número de pessoas e tempo de permanência.
"Casos identificados de covid-19 devem passar por isolamento respiratório, sendo que os médicos e outros profissionais da saúde responsáveis pelo atendimento devem contar com equipamentos de proteção individual", explica.
"Uma das maiores ameaças"
Para o CFM, embora a saúde individual da maioria das pessoas não seja ameaçada pela pandemia, "está?se frente a uma das maiores ameaças já vivenciadas pelos sistemas de saúde do mundo, com risco real de sequelas e mortes em grupos de risco e também, por escassez de leitos, entre pacientes com doenças graves, como câncer, doenças crônicas agravadas, transplantes, politraumas etc."
Uma das preocupações do CFM é com as equipes que trabalham na linha de frente de atendimento. "Os gestores dos serviços de saúde, com o objetivo de preservar a qualidade de trabalho das equipes, devem instituir horários de descanso e oferecer serviços que facilitem a vida das pessoas, como alimentação, fornecimento de roupas de trabalho, salas de repouso, e instalações com chuveiros e facilidades para a higienização corporal ao entrar e ao sair dos plantões, por exemplo", pede a entidade.
O CFM ainda defende as medidas de isolamento social como saída para evitar a explosão de casos. "A contenção da epidemia é o pilar central da estratégia e, embora pareça que as medidas propostas sejam básicas e, portanto fáceis de serem implementadas, a adesão maciça e tempestiva necessária para o sucesso da estratégia demandará logística complexa e forte articulação entre o governo brasileiro e a sociedade civil organizada para acompanhar o dia a dia do enfrentamento à epidemia, retirando barreiras quando necessário, criando normas e promovendo a efetiva adesão da população às recomendações globais", diz.
Sobre tratamento, a nota afirma que nenhum antiviral específico é recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doença) ou pelo governo brasileiro.
"Os pacientes infectados devem receber cuidados de suporte para o alívio dos sintomas, de preferência em ambiente domiciliar. Para os casos mais graves com dificuldades respiratórias, o doente deve ser hospitalizado e receber cuidados intensivos de suporte à vida quando necessário."
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