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Mandetta só sai da Saúde se Bolsonaro quiser e vê quarentena "desarrumada"

Do UOL, em São Paulo

25/03/2020 17h56

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, declarou hoje que só sairá do cargo se ficar doente ou se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quiser. Hoje, Mandetta foi alvo de governadores, que disseram que ele perdeu legitimidade no governo. Ainda durante a coletiva, o ministro disse a quarentena, que havia sido alvo de críticas de Bolsonaro, foi "precipitada e desarrumada" e que precisará ser "melhorada".

"Saio daqui na hora que acharem que eu não devo trabalhar, o presidente achar, porque ele que me chamou, ou se eu estiver doente. Ou num momento que eu achar que esse período todo de turbulência já tenha passado e eu possa não ser mais útil", disse Mandetta.

"No momento de crise, vou trabalhar ao máximo. A equipe está focada, vamos trabalhar com critério técnico", completou o ministro.

Mandetta ainda defendeu o que Bolsonaro disse ontem, em seu depoimento, sobre a economia não ser deixada de lado no momento de crise por causa da epidemia.

"A gente precisa também pensar em tudo isso, e eu vejo nesse sentido a grande colaboração da fala do presidente, de chamar a atenção de todos que é preciso pensar na economia. A maneira como vamos fazer isso será junta", observou.

quarentena - Reprodução/Twitter @PMERJ - Reprodução/Twitter @PMERJ
PMs patrulham ruas no Rio de Janeiro durante quarentena
Imagem: Reprodução/Twitter @PMERJ

Quarentena

Mandetta afirmou, a respeito das críticas de Bolsonaro sobre o isolamento, que é necessário "melhorar esse negócio de quarentena. Foi precipitado, foi desarrumado". Segundo o ministro, "isso causa uma série de transtornos para o próprio sistema de saúde."

Ele também declarou que a pasta estuda outras maneiras de se aplicar a quarentena: "Antes de fechar tudo, existe a possibilidade de trabalhar por bairro, existe a possibilidade de fazer a redução de mobilidade urbana em determinados aparelhos", observou.

A fala foi endossada pelo secretário-executivo, João Gabbardo.

"O presidente tem o direito de pedir ao ministro que avalie uma situação. Vamos continuar estudando essas possibilidades (de manter ou não a quarentena), que vão ser implementadas se nosso corpo técnico achar que é o melhor caminho para as situações", disse Gabbardo.

O secretário acrescentou, apesar da observação, que o ministério ainda não estabeleceu nenhum prazo para o término das quarentenas.

"Vamos nos reunir através de videoconferência com todos os 27 secretários estaduais e um número considerável de secretários municipais, tentar (determinar) sempre de acordo com o que acontece em cada local", disse.

Aumento dos casos

O Ministério da Saúde anunciou hoje em coletiva de imprensa que subiu para 57 o número de mortes por conta do coronavírus no Brasil — ontem, as autoridades contavam 46 vítimas. Ao todo, são 2.433 casos confirmados no país.

Os dados mais recentes apresentados ainda indicam as primeiras três mortes fora dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro: Amazonas, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

Com 48 mortes, São Paulo ainda segue como o estado com o maior número de mortes por decorrência da covid-19, seguido do Rio de Janeiro, com 6, segundo dados do Ministério da Saúde.