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Covid-19: Brasil quer mais prazo para decidir se integra aliança por vacina

Pesquisador injeta candidata a vacina para Covid-19 em voluntário no início de ensaio clínico na Alemanha - Kai Pfaffenbach
Pesquisador injeta candidata a vacina para Covid-19 em voluntário no início de ensaio clínico na Alemanha Imagem: Kai Pfaffenbach

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

17/09/2020 19h46Atualizada em 17/09/2020 20h24

O Brasil quer mais tempo para decidir se vai ou não integrar uma aliança internacional de vacinas contra a covid-19 (Covax). O prazo para ingresso no grupo termina amanhã. Mas, após reunião na tarde de hoje no Palácio do Planalto, representantes do Ministério da Saúde, da Casa Civil e do Itamaraty resolveram pedir mais prazo à Aliança Global de Vacinação (Gavi).

"O governo federal, assim como outros países, segue em tratativas junto à Aliança Global de Vacinação (Gavi) para a extensão do prazo para a formalização da participação do Brasil na iniciativa", diz uma nota distribuída pelo Ministério das Comunicações no início desta noite, logo após o término da reunião.

Segundo o UOL, apurou um representante do Itamaraty já procurou a Gavi pedindo mudança na data da decisão. O Ministério das Relações Exteriores não prestou esclarecimentos à reportagem.

"O governo federal estuda criteriosamente a participação do Brasil na Covax Facility, iniciativa inédita que visa à aquisição de vacina dentre ao menos nove opções em análise clínica", informou o Ministério das Comunicações.

O governo afirma que precisa de mais informações sobre as vacinas contra o coronavírus. Como mostrou o colunista do UOL Jamil Chade, a hesitação do Brasil é seguida por outros países.

Os motivos incluem a falta de flexibilidade no sistema de compra de vacinas, o preço delas, a falta de transferência de tecnologia, a baixa adesão de outros países e o fato de o Brasil já ter fechado um acordo à parte para ter a vacina produzida sob supervisão da Universidade de Oxford, na Inglaterra, e da indústria farmacêutica Astra Zeneca.

As regras também estipulam que os países emergentes, como o Brasil, têm que pagar pela vacina dentro do consórcio e que apenas cerca de 70 países mais pobres do mundo teriam acesso gratuito.

Na prática, portanto, por ser um dos países com maior população e por ser um país de renda média, o Brasil seria um dos Estados que mais pagariam para fazer parte da aliança, sem o benefício de ter o controle sobre as vacinas e nem transferência de tecnologia.

Nesta quinta, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que mais de 170 países já aderiram à Covax.

Leia a íntegra nota do Ministério das Comunicações:

"Em relação à participação na iniciativa Covax Facility, o Governo Federal esclarece o que segue:

1- Desde junho, o governo brasileiro integra a ACT-Accelerator, iniciativa multilateral que visa acelerar o desenvolvimento, a produção e o acesso a diagnósticos, medicamentos, tratamentos, testes e sobretudo vacinas contra a Covid-19.

2 - Em todas as suas tratativas com instituições internacionais, o governo brasileiro tem como premissa assegurar o acesso justo e equitativo a vacinas que sejam seguras e eficazes para a proteção da população brasileira contra o novo coronavírus.

3- Nesse contexto, o Governo Federal estuda criteriosamente a participação do Brasil na Covax Facility, iniciativa inédita que visa à aquisição de vacina dentre ao menos nove opções em análise clínica.

4- O Governo Federal, assim como outros países, segue em tratativas junto à Aliança Global de Vacinação (GAVI) para a extensão do prazo para a formalização da participação do Brasil na iniciativa.

5- Tal medida se faz necessária para obter mais informações sobre as condições para a aprovação regulatória, instrumento jurídico aplicável, vacinas em desenvolvimento, suas características de armazenamento e transporte logístico. Essas definições são especialmente importantes em um país como o Brasil, de dimensões continentais.

6- Em razão do alcance e altos índices de cobertura do Programa Nacional de Imunizações, o Brasil é reconhecido mundialmente por deter experiência, capacidade produtiva e vasto conhecimento técnico para contribuir com iniciativas internacionais de cooperação e solidariedade de vacinação."