Hospital da Lapa deixa infectados com covid por horas com idosos e crianças
Idosos, crianças e pacientes com suspeita de covid-19 relatam ter esperado durante toda a tarde por atendimento na mesma sala apertada no Pronto Socorro do Hospital Municipal da Lapa, zona oeste de São Paulo, nesta segunda (23).
Pelo menos quarenta pessoas dividiam o local apertado quando a reportagem chegou ao local, na noite de segunda. Alguns esperavam há mais de 5 horas, parte com suspeita de infecção pelo novo coronavírus. Procurada, a prefeitura diz que a orientação é para separar pacientes.
Jocesi de Oliveira, 51, estava no local desde as 16h15. Com dores na coluna, conversou com a reportagem às 20h e disse ser "um absurdo" ter de esperar "mais de 4 horas" por um atendimento, mas que a situação piora por causa da pandemia.
"É claro que eu tenho medo de pegar [coronavírus]. Um monte de pessoas infectadas aí dentro, todo mundo junto. Falam que tem médico, mas cadê os médicos? Ninguém vê", afirmou.
As pessoas estão tossindo, com falta de ar, do lado das outras que estão sem sintomas. Mas não é culpa delas."
Jocesi de Oliveira, 51
É o caso da mãe de 67 anos de Simone Siolin, 30. Ela começou a sentir sintomas de covid-19 no sábado (21). As duas ficaram no local das 13h às 21h, mas ela foi liberada. Nesta segunda, a falta de ar aumentou. Elas esperavam há quase 3h.
"É um descaso, né? Ela está com todos os sintomas, passando mal. Muita gente não está. Se não faz esse escândalo, ninguém atende", disse Siolin, enquanto ouvia a outras pessoas reclamarem com o segurança.
No Brasil, é rezar para não ficar doente."
Simone Siolin, 30
Ênio Munhoz, 55, tinha chegado antes das 15h acompanhando um amigo com sintomas de covid. Às 20h30, só haviam passado pela triagem.
"A mulher lá dentro disse que quase todo mundo aqui é [caso de] covid-19, alguns confirmados até. Tive que vir dirigindo para o meu amigo, mas pode um negócio desse? Misturar todo mundo? Quem não está doente vai sair doente", disse, indignado.
Uma idosa de 69 anos, que preferiu não revelar o nome, estava no PS por dores agudas nas costas. Nem ela nem a vizinha tinham sintomas de covid-19. Ela lamentou, mas se disse de mãos atadas.
Eu tenho [medo de pegar o vírus], mas o que que vou fazer?"
Idosa de 69 anos
Durante a tarde, um homem chegou a protestar contra a falta de atendimento e pelo fato de pessoas com suspeita da doença dividiam o espaço com idosos.
Rodnei de Souza, 28, viu a cena. Ele chegou ao local às 15h com dores na coluna.
"Um homem tava com uma senhora, fez a maior confusão, falando para todo mundo ligar para o 156. Aí é que começaram a se mexer", conta.
Orientação é para separar pacientes, diz prefeitura
Em resposta enviada ao UOL na manhã desta terça (24), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que os pacientes com suspeita de covid "são separados dos demais cidadãos". "As orientações quanto à separação de pacientes suspeitos de contaminação pelo coronavírus são constantemente reforçadas às equipes de plantão", diz a nota.
Ainda segundo a SMS, das 273 pessoas atendidas na segunda, 24 eram suspeitos de covid. "O PS Lapa é um serviço de urgência e emergência que presta atendimento de média complexidade, de portas abertas com demanda espontânea, e segue todos os protocolos de biossegurança", informou o órgão.
"O PS possui uma sala de emergência, uma sala de medicação e uma sala de intubação exclusiva para casos de covid-19", diz o texto. "Em 2020, já foram realizadas no P.S 86.970 consultas médicas e 211.841 exames de apoio ao diagnóstico. O equipamento exerce um papel fundamental de assistência à população da região Oeste nas especialidades de clínica médica, pediatria, cirurgia geral, ortopedia e psiquiatria."
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