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Bolsonaro sobre vacina: 'Se tiver efeito colateral, não vão cobrar de mim'

Presidente disse que não poderá ser cobrado se houver algum efeito colateral ou "um problema" com a vacina contra a covid-19 - Alan Santos/PR
Presidente disse que não poderá ser cobrado se houver algum efeito colateral ou "um problema" com a vacina contra a covid-19 Imagem: Alan Santos/PR

Do UOL, em São Paulo

03/12/2020 08h34Atualizada em 03/12/2020 11h44

Em conversa com apoiadores na noite de ontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que não poderá ser cobrado se houver algum efeito colateral ou "um problema" com a vacina contra a covid-19.

O mandatário disse que mostrará "todo o contrato" quando o país for comprar o imunizante de uma empresa.

Em agosto, o presidente assinou uma MP (medida provisória) que libera quase R$ 2 bilhões para viabilizar a produção e a disseminação da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca.

A Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária), no entanto, ainda não aprovou o uso de nenhum imunizante no Brasil.

Durante a conversa com apoiadores na sua chegada ao Palácio do Alvorada, Bolsonaro disse ser "lógico" que tem que haver preocupação com o vírus e "esperar uma vacina", mas fez ressalvas sobre o tema:

"Cada empresa tem a sua vacina. Vamos supor que numa das cláusulas da vacina que eu vou comprar a gente vai ter que ver o que eles oferecem. Vamos supor que lá no meio está escrito o seguinte: 'nos desobrigamos de qualquer ressarcimento, de qualquer responsabilidade com possíveis efeitos colaterais imediatos ou futuros'. E daí, vocês vão tomar essa vacina? Porque, em chegando, havendo essa conclusão... porque começaram alguns países a vacinar... Eu vou mostrar todo o contrato para vocês. Quem tomar vai saber o que está tomando e daí as consequências", disse o presidente.

Se tiver um efeito colateral ou um problema qualquer já sabem que não vão cobrar de mim. Porque eu vou ser bem claro, 'a vacina é essa' Jair Bolsonaro

Diagnosticado com a covid-19 em julho, o presidente afirmou que, por ter contraído o vírus, já está "vacinado". No entanto, como mostrou o colunista do VivaBem Gustavo Cabral, há trabalhos científicos publicados em revistas especializadas mostrando que pessoas que tiveram contato com o vírus e foram assintomáticos não desenvolveram uma memória imunologia duradoura. Dessa forma, podem ficar suscetíveis a uma segunda infecção.

Em uma live na semana passada, o presidente já havia declarado que não tomará a vacina. Para justificar sua posição, Bolsonaro afirmou que "quem não tomar a vacina está fazendo mal para si mesmo".

Entretanto, o presidente erra, porque qualquer vacina precisa de uma cobertura mínima para fazer efeito. Um estudo publicado em agosto indica que, se um imunizante contra o coronavírus tiver eficácia de 80%, ele precisa ser aplicado em pelo menos 75% da população para acabar com a pandemia.