Secretário diz que CoronaVac deve pedir uso à Anvisa 'entre hoje e amanhã'
O Secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou nesta manhã que o pedido para uso da CoronaVac, vacina contra covid-19, deverá ser feito nas próximas 48 horas, "entre hoje e amanhã". Ele também disse que os dados sobre a eficácia do imunizante serão divulgados ainda nesta semana, possivelmente até quinta-feira.
"Vai existir a solicitação tanto de uso emergencial como de uso definitivo. E dessa forma, existem questões burocráticas, de documentos que estão sendo juntados para serem enviados nos próximos dias para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Nessa semana serão enviados. Possivelmente hoje ou amanhã. Isso vai depender do próprio Instituto Butantan ter toda documentação já estabelecida", afirmou Gorinchteyn, em entrevista à Rádio Bandnews.
Muito possivelmente entre hoje e amanhã teremos envio da documentação, fazendo solicitação do ponto de vista emergencial e definitivo
Jean Gorinchteyn
O pedido será feito pelo Instituto Butantan, que desenvolve a CoronaVac em parceria com o laboratório chinês SinoVac. Gorinchteyn explicou novamente que o laboratório SinoVac impediu, por enquanto, a divulgação dos dados de eficácia da vacina, mas disse que esse índice é maior que 50%, o mínimo necessário para aprovação da vacina, prometendo divulgá-lo até quinta-feira.
"Os materiais foram enviados para China, a pedido da SinoVac, para reavaliar detalhes. Possivelmente teremos os dados de eficácia no dia 7 de janeiro. Digo 'possivelmente', porque podemos ter algum delay (atraso) de horas, mas acredito que até o dia 7 já tenhamos os dados", afirmou Jean.
Mais tarde, à GloboNews, Gorinchteyn disse que os pedidos à Anvisa devem ser feitos "até o final da semana".
Eficácia inferior à vista na Turquia
O governo de São Paulo já tinha admitido que a vacina não chegou ao nível de 90% de eficácia, atingido pela maioria das vacinas contra covid-19. E Gorinchteyn disse que não sabe qual é o valor exato, pois isso está em sigilo, por contrato. Segundo ele, apenas a SinoVac, o Instituto Butantan e a Anvisa estão tratando desse assunto.
A divulgação do índice de eficácia chegou a ser prometida no final do ano passado, mas foi adiada porque houve divergência entre os dados dos estudos em diferentes países. Na Turquia essa porcentagem chegou a superar os 90%. Gorinchteyn levantou uma hipótese para explicar essa diferença: o aumento de casos no Brasil a partir de novembro.
"Em 20 de outubro, no Brasil, fomos obrigados a convocar mais voluntários, ao todo 12 mil. E obtivemos mais casos de covid-19, no Brasil todo, em novembro. Então, de forma rápida, atingimos 72 casos, o que permitiu a análise preliminar em 15 de novembro. Mas agora já tivemos 174 casos positivados, o que criou possibilidade de abertura para pedido de uso definitivo", disse ele.
"Frente a essa ascensão rápida dos casos, é possível que pessoas tenham positivado depois de tomar uma dose só da vacina, não duas. Por isso, essa análise detalhada, de quando foi a infecção, será feita. Porque, para ter imunização plena, precisa de duas doses. Essa análise vai trazer luz para ver o que aconteceu com esses pacientes positivados mesmo com vacina", explicou Jean.
O Secretário de Saúde também reafirmou que ainda não há um acordo definitivo com o Ministério da Saúde para que a CoronaVac seja utilizada em todo Brasil. As negociações estão abertas, e a vacina está prevista no PNI (Programa Nacional de Imunização). Mas reafirmou que, se isso não acontecer, a vacinação em São Paulo acontecerá a partir do dia 25 de janeiro, conforme o previsto desde o ano passado.
Aglomerações e fase vermelha
Gorinchteyn também falou sobre as aglomerações vistas durante as festas de final de ano. E admitiu que, por causa disso, espera um aumento de casos e mortes por covid-19 nas próximas semanas.
"Muitos respeitaram o isolamento, mas os poucos que não respeitaram vão promover o aumento de casos, internações e óbitos. Infelizmente, esperamos isso e não ficamos parados. Estamos aumentando leitos, profissionais e testes. E esses índices [de casos, internações e óbitos] vão basear o Plano São Paulo para criar restrições maiores ou menores em determinadas regiões. Não podemos saturar o sistema de saúde e não disponibilizar assistência", prometeu Gorinchteyn.
Hoje, a maior parte do estado de São Paulo retorna à fase amarela da quarentena. Apenas a região de Presidente Prudente, com 45 municípios, permanece na fase vermelha, devido à alta ocupação de leitos com pacientes com covid-19.
Em entrevista à GloboNews, o secretário disse que, ao menos por enquanto, não vê a necessidade de outras regiões voltarem à fase vermelha.
"O que percebemos é que as medidas restritivas [de fim de ano] aumentaram o percentual de isolamentos. Nós que tínhamos 38%, 39%, passamos a quase 50%. Isso mostra que talvez, se nós estivermos mantendo essa política de austeridade, muito possivelmente não precisaremos recuar como algumas cidades assim o fizeram. Mas se os índices da saúde mostrarem algum risco aquela população duela região, estaremos bastante vigilantes para em qualquer momento ter que recuar", disse ele.
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