Bolsonaro diz que pode distribuir vacinas amanhã, mas mente sobre eficácia
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que, se as 2 milhões de doses da vacina AstraZeneca compradas da Índia chegarem hoje (22) à noite, a distribuição para os estados começaria já amanhã (23). O governante também voltou a mentir a respeito da suposta falta de comprovação científica da eficácia de imunizantes contra a covid-19 aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para uso emergencial.
A previsão do Ministério da Saúde quanto ao recebimento das doses da AstraZeneca é 18h desta sexta-feira (22). O lote chegará pelo aeroporto internacional de Guarulhos (SP).
Na manhã de hoje, ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro declarou que, após a autorização da Anvisa, no domingo passado, não cabe e ele "discutir" o tema das vacinas, e sim assegurar que elas cheguem a estados e municípios.
Duas vacinas já foram aprovadas pelo órgão que é a autoridade máxima em vigilância sanitária no país: a da AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford, e a CoronaVac, produzida pela parceria entre o laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan (SP).
Passou pela Anvisa, eu não tenho mais o que discutir. Eu tenho que distribuir a vacina. E nós distribuímos no prazo programado de um dia antes
Jair Bolsonaro (sem partido)
"Pode ter certeza que a Aeronáutica está aí, pronta para servir ao Brasil mais uma vez. E essa vacina, se chegar hoje à noite, amanhã mesmo começa a chegar aos seus destinos", comentou o presidente.
Ao falar sobre a previsão de chegada e distribuição, Bolsonaro disse que ficou sabendo pela imprensa sobre a data de envio das doses da Índia.
No entanto, o próprio Ministério da Saúde divulgou os horários de chegada, e o ministro Eduardo Pazuello está confirmado para recepcionar o lote em Guarulhos e depois no Rio de Janeiro, às 22h, ao lado da presidente da Fiocruz, Nisia Trindade.
Presidente mente sobre eficácia das vacinas
Bolsonaro manifestou incômodo ao ser perguntado sobre a quantidade de brasileiros que querem a vacinação. Ele interrompeu a pergunta e mentiu sobre a falta de eficácia das vacinas, que já foram atestadas pela Anvisa e por várias agências reguladoras internacionais.
"O que eu tenho observado é que ainda tem muita gente que tem preocupação com a vacina. E deixo bem claro: ela é emergencial. Eu não posso obrigar ninguém a tomar vacina, como um governador há um tempo atrás falou que ia obrigar. Eu não sou inconsequente a esse ponto", disse Bolsonaro, referindo-se a João Doria (PSDB), governador de São Paulo e um de seus principais adversários políticos.
Ela tem que ser voluntária. Afinal de contas, não está nada comprovado ainda cientificamente. E peço que o pessoal leia, que não é bula, mas eu chamo de bula, os contratos com as empresas para tomar pé de onde chegaram as pesquisas e por que não se concluiu ainda dizer que é uma vacina perfeitamente eficaz. Pelo que tudo indica, segundo a Anvisa, ela vai ajudar aí que casos graves não ocorram no Brasil, quem for vacinado
Jair Bolsonaro
Os dados de eficácia das vacinas de Oxford e Butantan já foram atestados pela Anvisa e confirmados por órgãos internacionais. Nos testes, nenhum voluntário vacinado contrair uma forma grave da covid-19 se contaminado.
As taxas de eficácia dos dois imunizantes são semelhantes às verificadas em vacinas que já fazem parte do PNI (Plano Nacional de Imunização), como a da gripe.
Pelo Twitter, o presidente fez um agradecimento hoje ao primeiro ministro da Índia, Narenda Modri, com saudação que seria equivalente ao "namastê" —de forma geral, significa "obrigado".
"O Brasil sente-se honrado em ter um grande parceiro para superar um obstáculo global. Obrigado por nos auxiliar com as exportações de vacinas da Índia para o Brasil."
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