Após ameaçar exportar, Butantan diz que pode negociar CoronaVac com estados
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, voltou a cobrar o Ministério da Saúde hoje. Ele afirmou que pode negociar a vacina CoronaVac diretamente para estados e municípios se o governo federal não manifestar interesse formal nas 54 milhões de doses que foram oferecidas. Ontem Dimas disse que podia exportar esses imunizantes contra covid-19 para outros países.
"Se não houver incorporação pelo Ministério da Saúde, existe interesse de outros estados e municípios. Então sim, é possível que haja atendimento a essa demanda", afirmou Dimas, em entrevista à Globonews.
Ontem o Butantan e o governador de São Paulo, João Doria, fizeram pressão para que o Ministério da Saúde se manifeste sobre a possível compra desse lote adicional de CoronaVac. Por enquanto só há acordo para 46 milhões de doses. Mas existe a possibilidade, em contrato, de adquirir 54 milhões de doses adicionais.
Antes de a vacinação começar, o Ministério da Saúde disse que tinha adquirido todas essas doses. O Ministro Eduardo Pazuello chegou a citá-las em um pronunciamento oficial. Mas depois o Butantan esclareceu que nem tudo está assegurado ainda. Agora Dimas pede para que o Ministério se manifeste, pois precisa se planejar.
"Nós estamos pressionados pela demanda por vacina, existe essa demanda no mundo todo. Muitos países estão solicitando da nossa parceria Sinovac a assinatura de contrato de fornecimento. É necessário que o ministério se pronuncie, porque nós estamos no fim de janeiro e essa produção estaria prevista para início em abril. Portanto, não haverá tempo para negociarmos com a nossa parceria em relação à matéria-prima se não houver essa manifestação", explicou o diretor.
O Ministério da Saúde respondeu e confirmou, em nota oficial, que realmente as doses não estão compradas, mas disse que pode adquiri-las formalmente até maio. E também afirmou que tem exclusividade na compra dessas doses, portanto o Butantan não poderia exportá-las para outros países, estados ou municípios. O Secretário-executivo do Ministério, Élcio Franco, reafirmou essas informações hoje, em entrevista à rádio CBN.
O Ministério também criticou as cobranças do Butantan e do governador João Doria, dizendo que foi um "ato midiático". A reportagem entrou em contato com o Instituto e com o Governo para obter uma resposta sobre isso, mas ainda não recebeu uma manifestação.
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