Após cobranças, Conselho Federal de Medicina defende prevenção e isolamento
O CFM (Conselho Federal de Medicina) divulgou hoje uma nota técnica na qual defende o isolamento social no combate à pandemia da covid-19, mas pondera que as medidas restritivas devem ter caráter local e ser temporárias.
O Conselho classificou o distanciamento social, o uso de máscaras, a higienização das mãos e a proteção de olhos e mucosas como os "meios reconhecidamente eficazes" na prevenção à covid-19. "Para o CFM, observar essas regras protege a sua vida, de sua família e daqueles que você ama", diz o texto.
O CFM vem sendo pressionado a se posicionar sobre o que o governo federal chama de "tratamento precoce" para a doença. No documento divulgado hoje, porém, o tema não foi abordado.
O Conselho também afirmou que a vacinação, "no menor espaço de tempo, é o caminho mais seguro de se evitar que o contágio pelo coronavírus continue a causar adoecimento e mortes".
No texto, o CFM também afirmou que "os governos devem considerar que a adoção de medidas restritivas de caráter local pode reduzir, momentaneamente, a pressão da demanda sobre o sistema de saúde, como tentativa de evitar o colapso". O Conselho, no entanto, ponderou que tais medidas podem gerar consequências como o fechamento de empresas, desemprego e o surgimento de doenças mentais.
"A adoção de medidas restritivas de caráter local deve ser precedida de análise criteriosa de indicadores epidemiológicos, capacidade da rede de atendimento e impactos sociais e econômicos, devendo ser de curta duração e considerar as realidades específicas", diz o texto.
Pedido de inquérito para apurar o CFM
Hoje, Bruno Caramelli, médico cardiologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, entregou ao Ministério Público Federal (MPF) uma representação, em que pede a abertura de inquérito civil para apurar a atuação do Conselho Federal de Medicina durante o período em que o Ministério da Saúde incentivou o 'tratamento precoce' contra a covid-19.
Segundo especialistas, não existe tratamento precoce para a covid-19. Em janeiro, a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgaram uma nota afirmando que as "melhores evidências científicas demonstram que nenhuma medicação tem eficácia na prevenção ou no 'tratamento precoce' para a covid-19 até o presente momento".
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