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Óbitos em SP nas últimas 24h são maiores do que divulgado, diz secretário

Lucas Borges Teixeira, Rafael Bragança e Allan Brito

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em São Paulo

24/03/2021 04h00Atualizada em 24/03/2021 16h19

O número de óbitos divulgado pela Secretaria de Saúde de São Paulo não representa o número de mortes registradas nas últimas 24 horas. De acordo com o governo paulista, por causa de uma mudança no cadastro nacional feito pelo Ministério da Saúde, houve o registro de apenas 281 mortes, mas o número real seria muito superior.

O número chamou atenção por representar uma queda de 740 óbitos em relação a ontem (23), quando o estado bateu o recorde com 1.021 óbitos em 24 horas. Para Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde de São Paulo, o governo federal passou a exigir, desde ontem, um série de documentos, como cartão do SUS (Sistema Único de Saúde) e registro de vacinação, o que atrapalhou as prefeituras, responsáveis pelo cadastro dos óbitos.

Ontem fomos devastados com a informação de 1.021 mortes. Tínhamos como obrigação ter informação de que esses dados foram reportados. E hoje só temos aportados 281 casos. Representam muito menos do número de óbitos. Não tenho dúvida que municípios retardaram o aporte de dados.
Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde de São Paulo

Segundo ele, é possível que isso se repita nesta semana. "Amanhã tenha casos menores e nos últimos dias tenha aporte maior e vai trazer preocupação a todos. Mas deve ser considerado esse represamento", avaliou o secretário, em coletiva no Palácio dos Bandeirantes nesta quarta (24).

De acordo com a gestão estadual, o anúncio no sistema de notificação Sivep-Gripe foi feito pelo Ministério da Saúde às prefeituras na noite de ontem, o que pegou as equipes desprevenidas. O UOL procurou a Saúde, mas não teve resposta até a última atualização.

Gorinchteyn reclamou ainda que dados como de vacinação e cartão SUS "pouco importam em um momento como esse", mas descartou que a mudança tenha tido motivação política depois de o país também bater recorde de mortes em 24 horas ontem.

"Não entendo que seja uma medida para apagar número de óbitos do país. Esperamos que não. Mas precisamos ter dados para poder trazer a toda imprensa e sociedade o que vem acontecendo e proceder alertas que devem ser feitos", declarou Jean.

Atualmente, São Paulo está na fase emergencial do Plano SP, mais restritiva até então. Ontem, o estado registrou pela primeira vez um número superior a 1 mil mortes em 24 horas e a média de óbitos de mortes na última semana se aproxima das 500 por dia.

Segundo o Centro de Contingência do Coronavírus, o número de internações no estado estão começando a mostrar sinais de melhora após duas semanas de fases restritivas em todas as regiões, mas há uma possibilidade de prorrogação a fase emergencial.

Vacinação de policiais e profissionais de educação

O governo paulista anunciou ainda que profissionais da segurança pública e da educação do estado de São Paulo serão vacinados a partir de abril. Policiais e administração penitenciária começarão a ser imunizados contra a covid-19 a partir de 5 de abril, enquanto professores e servidores da educação básica a partir dos 47 anos serão vacinados a partir de 12 de abril.

Ao todo, serão 530 mil profissionais dos dois grupos nesta primeira leva. Nestas datas, São Paulo se tornará o primeiro estado a imunizar amplamente os profissionais destas áreas.

Antecipação para idosos

Para a próxima etapa de vacinação de idosos, o governo paulista também anunciou uma nova antecipação. A imunização de pessoas entre 69 e 71 anos, que estava agendada primeiramente para o dia 29, já havia sido antecipada para o próximo sábado (27). Agora, a etapa começará na próxima sexta (26).

Apesar do anúncio feito por Doria, o calendário é apenas uma sugestão feita pelo governo estadual às prefeituras, que têm autonomia para definirem suas próprias datas para cada fase.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, a data da coletiva é 24 de março de 2021, e não 22. A informação foi corrigida.