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MP apura se Prevent Senior usa remédio contra câncer em pacientes com covid

Prevent Senior afirmou que desconhece a investigação do MP-SP - Divulgação
Prevent Senior afirmou que desconhece a investigação do MP-SP Imagem: Divulgação

Allan Brito

Colaboração para o UOL

26/03/2021 11h10

O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) recebeu a denúncia de que hospitais da rede Prevent Senior estão utilizando medicamentos sem eficácia comprovada para tratar pacientes contra covid-19. Um desses remédios seria Flutamida, utilizado para combater o câncer de próstata. A Prevent Senior alegou que desconhece a investigação e afirmou que não indica nenhum medicamento "em massa" para os pacientes.

O Promotor de Justiça Arthur Pinto Filho foi quem assinou o pedido de investigação sobre o assunto. Ele citou reportagens que denunciam os usos dos remédios e as consequências danosas disso. Segundo o documento, há um "kit covid", formado medicamentos como hidroxicloroquina, invermectina, azitromicina, prednisona, entre outros, que é indicado em massa. E uma matéria do Estadão, citada pelo promotor, aponta que esse kit "levou 5 pacientes à fila dos transplantes de fígados em São Paulo e está sendo apontado como causa de ao menos 3 mortes por hepatite causada por remédios".

A denúncia anônima sobre Flutamida é citada pelo promotor também. E foi detalhada por reportagem da rádio CBN. De acordo com o veículo, existem prints de conversas feitas por celular, que envolvem o médico Rodrigo Esper. Ele teria escrito para outros médicos: "enfatizo a importância da prescrição da Flutamida, de 250 mg, de 8 em 8 horas, para todos os pacientes que internarem. Estamos muito animados com a melhora dos pacientes".

Segundo a denúncia, a utilização desse medicamento tem sido feita sem consentimento livre e esclarecido dos pacientes e familiares. A teoria é que ele gera um efeito positivo contra covid-19 porque inibe a produção de testosterona, hormônio que facilita a entrada do vírus nas células. Mas não há um estudo completo sobre isso. E existe o risco da medicação causar alterações hormonais, insuficiência hepática e cardíaca.

Em nota enviada ao UOL, a Prevent Senior se defendeu e prometeu colaborar com a Justiça se necessário. "A Prevent Senior desconhece os prints de conversas citados pela reportagem da CBN e tem dúvidas sobre a autenticidade de tais conversas que, se aconteceram, não são do conhecimento da empresa. Desconhece, também, investigações do Ministério Público acerca do tema. A Prevent Senior esclarece que seus médicos não usam "medicamento em massa", em hipótese alguma. Todos os procedimentos adotados pelos profissionais da empresa primam pela segurança e saúde dos pacientes. Se instada, a Prevent Senior prestará todas as informações às autoridades. E tomará todas as medidas cabíveis contra denúncias anônimas que, até o presente momento, não apresentam o menor indício de veracidade".

O promotor Arthur Pinto Filho admitiu à CBN que a investigação está no início e não há comprovação sobre a veracidade das mensagens. Mas pediu para que os hospitais sejam analisados com rigor.

"Toda essa situação me parece extremamente grave, porque induz a população, ou parte dela, a erros. Nós pedimos ao Cremesp que investigue o médico e verifique o que está se passando naquele hospital. Pedimos a mesma coisa ao Coren e pedimos que a Vigilância Sanitária passe no hospital. Algo está acontecendo ali", apontou o promotor.