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Pesquisador da Fiocruz diz que Doria fez previsão 'otimista' sobre ButanVac

Júlio Croda disse que os estudos da fase 3 podem demorar até 6 meses - Erasmo Salomão/Ministério da Saúde
Júlio Croda disse que os estudos da fase 3 podem demorar até 6 meses Imagem: Erasmo Salomão/Ministério da Saúde

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/03/2021 10h14

Julio Croda, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), acredita que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez uma previsão "muito otimista" sobre a ButanVac, vacina contra covid-19 que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan. Ele entende que dificilmente o imunizante começará a ser distribuído em julho, como foi anunciado hoje.

"É um prazo muito otimista. É muito difícil já estabelecer uma data. Pelo que entendi, iniciar a produção em maio. Isso ele (João Doria) pode afirmar. Essas doses podem ser estocadas. Mas uma coisa é a produção. A aplicação na população só vai ser feita depois que Anvisa analisar os estudos da fase 3", esclareceu Julio Croda em entrevista à CNN Brasil.

De acordo com o pesquisador da Fiocruz, as fases 1 e 2 dos testes podem ser feitas ao mesmo tempo, como ocorreu com todas vacinas. E podem terminar dentro de 1 ou 2 meses. Mas a fase 3 deve demorar, no mínimo, mais 3 meses - o que impediria a aplicação já em julho. Na melhor das hipóteses, seria possível começar em agosto.

"A gente precisa de dados de eficácia. Então vai precisar de um tempo, mais ou menos de 3 a 6 meses, se tiver circulação viral alta. Então não vai dar tempo de fazer esses estudos já com finalização de dados de eficácia", analisou Croda.

O pesquisador também afirmou que a Fiocruz cogita a possibilidade de desenvolver a própria vacina. Mas está focada na transferência de tecnologia que permitirá a fabricação da vacina de Oxford/AstraZeneca no Brasil.

"Tem propostas de vacina dentro da Fiocruz, no sentido de ter uma vacina 100% brasileira. Mas aqui a transferência de tecnologia da vacina de Oxford vai ser rápida. No 2º semestre já vão produzir sem necessidade de IFA. Se isso acontecer, a gente vai ter autonomia. E é isso que importa, para programar a vacinação dos brasileiros com tranquilidade", concluiu o pesquisador.