Covid: Variante brasileira corresponde a 90% dos casos em SP, diz estudo
Um estudo do Instituto Adolfo Lutz concluiu que a variante brasileira, a P.1, que surgiu em Manaus, corresponde a 90% casos analisados de infecção pelo novo coronavírus no estado de São Paulo.
A P.1 é considerada pelas autoridades sanitárias uma "variante de atenção" por causa da possibilidade de maior transmissibilidade ou gravidade da infecção pela covid-19.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a pesquisa conduzida pelo Adolfo Lutz foi concluída ontem e avaliou 1.439 sequências genéticas do vírus. Ao todo, foram identificadas 21 linhagens diferentes no estado.
O estudo também apontou uma evolução da P.1 em São Paulo no primeiro trimestre. Em janeiro, ela representava 20% dos casos identificados. Em fevereiro foi a 40%, e em março chegou aos 80%.
"O aumento dos casos, internações e óbitos que identificamos, especialmente no primeiro trimestre deste ano, pode estar relacionado à maior circulação desta variante de atenção. Nossas equipes seguem analisando em múltiplas frentes este vírus, contribuindo com a ciência e com as ações de combate à covid-19", disse a coordenadora de Controle de Doenças da Secretaria estadual de Saúde, Regiane de Paula.
Ainda segundo a Secretaria de Saúde, a variante predomina em 15 regiões do estado, com exceção de São José do Rio Preto e de Presidente Prudente, onde a e P.2 é mais evidente.
Já a B.1.1.7, variante britânica, está em 12 regiões, com maior incidência em Campinas e Taubaté - de 12,33% e 21,05%, respectivamente. Não há registros dela em São João da Boa Vista, Bauru, Presidente Prudente, São José do Rio Preto e Marília.
Baseando-se no estudo do Instituto Adolfo Lutz, Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo afirmou que a variante P.1 explica a velocidade no aumento de casos, internações e óbitos. "Mesmo com essa variante foi possível conseguir esse momento de redução progressiva da transmissão do vírus", afirmou. O estado de São Paulo tem registrado queda na média móvel de mortes.
Mais de 160 casos
De acordo com o Governo de São Paulo, até ontem foram confirmados 164 casos das três variantes no estado; 152 delas foram da P.1, nove da B.1.1.7 e três da B.1.351, esta última a variante sul-africana.
Dados da Secretaria de Saúde mostram que até outubro do ano passado, a variante B.1.1.28 predominava no estado e chegou a ultrapassar 90% dos casos. Havia também a B.1.1.33 que chegou a alcançar 30% das amostras.
Ambas sofreram mutações e deram origem a duas novas variantes, respectivamente: a P.2 e a N.9, que surgiram no último bimestre de 2020. Em novembro, a B.1.1.7 passou a circular no estado e, a partir de dezembro, a P.1 (derivada da B.1.1.28).
"O sequenciamento genético não deve ser confundido com diagnóstico de covid-19, até porque não se trata de uma análise individualizada do paciente. Ele também não muda as orientações e hábitos de prevenção, nem mesmo a assistência médica, que considera sempre o quadro clínico do paciente. Identificar as novas linhagens de um vírus é um instrumento epidemiológico que contribui para ações de saúde pública ao permitir que identifiquemos como o vírus se comporta no espaço e tempo", diz Adriano Abbud, diretor do Centro de Respostas Rápidas do Instituto Adolfo Lutz.
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