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CoronaVac deve ser aprovada pela OMS até a semana que vem, espera Butantan

Envase da CoronaVac no Instituto Butantan - Divulgação/Instituto Butantan
Envase da CoronaVac no Instituto Butantan Imagem: Divulgação/Instituto Butantan

Lucas Borges Teixeira, Rafael Bragança e Henrique Sales Barros

Do UOL, em São Paulo

26/05/2021 15h37Atualizada em 26/05/2021 15h37

O Instituto Butantan estima que a aprovação internacional da CoronaVac, produzida em parceria com a chinesa Sinovac, pela OMS (Organização Mundial de Saúde) deverá acontecer até a semana que vem.

Segundo o Butantan, a OMS já está avaliando os resultados da fase 3 de testes, realizada no Brasil, enviados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Atualmente, a agência tem sido alvo frequente do governador João Doria (PSDB-SP) e do próprio instituto por "urgência" na aprovação da ButanVac, outra vacina em desenvolvimento em São Paulo.

O tema voltou a surgir em coletiva de imprensa realizada hoje, em que Doria recuou do anúncio da flexibilização do Plano São Paulo e permanência do estado na fase de transição por mais 14 dias.

Faço apelo para a Anvisa para que tenha o senso de urgência ao lado do que ela já tem, que é o senso de responsabilidade. Precisamos do aval da Anvisa para a testagem da ButanVac. Hoje, 26 de maio, faz exatamente dois meses que anunciamos a Butan Vac. Iniciamos, assim, a solicitação formal para a Anvisa para a testagem em humanos, a 1, 2 e 3. Mas, mesmo sem o aval da Anvisa, eu assumi a responsabilidade de aprovar a produção das vacinas pelo Butantan."
João Doria

"Nós fomos informados que a OMS está avaliando o pedido da Sinovac em relação à CoronaVac. A avaliação está em curso, e a informação que nós temos é que na próxima semana teríamos o resultado da avaliação da aprovação da vacina", afirmou o diretor-executivo da Fundação Butantan, Rui Curi, em coletiva hoje.

Das três vacinas aplicadas no Brasil, a CoronaVac é a única a não ter aprovação do órgão internacional. As vacinas Pfizer/BioNTech e AstraZeneca/Oxford foram liberadas no início do ano. Na primeira semana de maio, a organização aprovou ainda o imunizante da Sinopharm, estatal chinesa.

Segundo Curi, a atual base de avaliação é exatamente a fase 3 de testes, realizada no Brasil pelo Butantan e com resultados aprovados pela Anvisa em janeiro.

O UOL procurou a agência reguladora para saber quando os documentos foram enviados, mas ainda não teve retorno. Se enviado, um posicionamento será publicado.

Cobrança pela ButanVac

A mesma Anvisa tem sido alvo frequente do governador João Doria e do Butantan, por meio do seu diretor, Dimas Covas, para a aprovação dos estudos clínicos da ButanVac, imunizante anunciado em março.

A expectativa do governo paulista era de que a vacina já começasse a ser distribuída no final de julho, mas nem a primeira fase dos testes em humanos foi iniciada. Para especialistas, é irreal uma aprovação inferior a seis meses após o início desta fase.

Doria tem jogado no colo da agência reguladora o atraso para início dos testes. A Anvisa, por sua vez, diz que o Butantan ainda não enviou todos os documentos necessários para liberar a realização dos estudos.

Este discurso tem sido repetido por Dimas Covas, que está em Brasília para depor na CPI da Covid. "Anvisa, ajude o povo brasileiro a ter mais uma vacina no mais curto tempo é isso que nos precisamos", clamou o diretor do Butantan em uma coletiva neste mês.

Este clamor, no entanto, esbarra na falta de alguns documentos que a Anvisa requer do Butantan. Segundo Curi, faltavam alguns documentos vindos do Monte Sinai, instituto americano que ajudou o Butantan na produção do imunizante.

"Nós estamos agora na fase final de entrega de documentos. Precisávamos de documentos do Monte Sinai, que é onde foi feita a proteína colocada no vírus. Esta informação nós devemos entregar até sexta-feira [28/5], declarou o diretor da Fundação Butantan.

O Butantan já começou a produzir a ButanVac no início do mês em sua fábrica em São Paulo voltada à vacina da Influenza. A estimativa é que, até o final de outubro, já haja 40 milhões de doses prontas.

"Fizemos isso pois temos absoluta confiança no Butantan", declarou Doria.

Com o envio dos papéis na sexta, caso não falte mais nenhuma informação, a previsão é que o estudo já seja liberado em poucos dias, na semana que vem.