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Anvisa solicita ao Butantan informações sobre 3ª dose da CoronaVac

Frascos da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan junto à Sinovac - Amanda Perobelli/Reuters
Frascos da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan junto à Sinovac Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

João José Oliveira e Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

28/08/2021 12h44Atualizada em 28/08/2021 14h12

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) solicitou ao Instituto Butantan informações de estudos relativos à terceira dose da CoronaVac, produzida em parceria com a chinesa Sinovac. Segundo a agência o objetivo é "saber se há dados científicos ou regulatórios que possam subsidiar a questão em torno das doses de reforço".

O pedido se dá em meio a uma disputa entre o governo federal e o estado de São Paulo sobre a inclusão da CoronaVac entre as vacinas indicadas para a terceira dose no Brasil, que deve começar a ser aplicada no próximo dia 15. Embora não haja consenso, estudos indicam que a mistura de doses (heteróloga) na terceira dose apresenta mais benefícios.

"O objetivo é antecipar informações para avaliar o cenário em torno da necessidade ou não de doses adicionais das vacinas contra Covid-19 em uso no Brasil", diz a nota publicada em seu site. Pedidos semelhantes foram feitos à Fiocruz, que produz a AstraZeneca, e às fabricantes da Pfizer e da Janssen.

A agência solicitou ainda uma reunião técnica "para discutir dados que possam estar disponíveis e também estudos em andamento, cronogramas e resultados interinos".

O Butantan confirmou o pedido da Anvisa) e ressaltou que foi feito "para todos os laboratórios brasileiros que fabricam e/ou importam vacinas contra a covid-19".

"A reunião para apresentação dos dados obtidos por pesquisas, tanto internacionais como nacionais, serão discutidos com a Anvisa no final da próxima semana", disse o instituto.

Disputa entre Saúde e SP

Nesta semana, quando anunciou a aplicação da terceira dose, a Nota Técnica do ministério indica "preferencialmente" vacinas de RNA mensageiro (Pfizer) ou, "de maneira alternativa", de vetor viral (Astrazeneca e Janssen). As de vírus inativo (CoronaVac) não são citadas.

O anúncio pegou o governo estadual de surpresa, que correu para anunciar início próprio — em 6 de setembro para idosos acima de 60 anos — e irritou com a retirada da CoronaVac. Dimas Covas, diretor do Butantan, disse que esta não foi uma decisão técnica e o governador João Doria (PSDB) afirmou que o estado usará "a vacina que tiver disponível".

Estudos sobre terceira dose ainda são recentes e a maioria em pré-print (quando ainda não foram revisados pelos pares), mas apontam que a combinação de vacinas diferentes tem apresentado resultados positivos e indicam que vacinas de RNA mensageiro, como a Pfizer e Moderna, aumentam os anticorpos neutralizantes do vírus.

O Ministério da Saúde foi no mesmo argumento. Na Nota Técnica em que justifica a adoção da terceira dose, a pasta afirma que pacientes imunossuprimidos transplantados apresentaram "importante ampliação da resposta imune tanto celular quanto humoral após a administração de dose adicional".

Em meio à polêmica, a Secretaria estadual de Saúde chamou de "desrespeitosa qualquer colocação que considere 'uso político' de imunizantes" e disse que a prioridade "sempre foi e será proteger e salvar vidas".

"As quatro vacinas disponíveis no Brasil são seguras, eficazes e têm a mesma finalidade: proteger contra a doença e reduzir chances de infecções graves pelo coronavírus. Os imunizantes que estiverem disponíveis poderão ser usados na aplicação da dose adicional no Estado", disse a pasta ao UOL.

O governo paulista não indicou, no entanto, estudos envolvendo a CoronaVac para a terceira dose.