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Não é técnico, diz Dimas após Saúde excluir CoronaVac do plano de 3ª dose

Henrique Barros Sales, Lucas Borges Teixeira e Rayanne Albuquerque

Do UOL, em São Paulo

25/08/2021 13h58Atualizada em 25/08/2021 17h57

A exclusão da CoronaVac do plano nacional do Ministério da Saúde de terceira dose da vacina contra a covid-19 foi vista como uma decisão pessoal pelo Instituto Butantan, que produz o imunizante. Para Dimas Covas, diretor da instituição, a decisão é "para atingir" o imunizante e "não está baseada em regra técnica".

Na manhã de hoje, o ministro Marcelo Queiroga anunciou a aplicação de terceira dose em idosos acima de 70 anos e imunossuprimidos transplantados a partir de 15 de setembro. De acordo com o plano da Saúde, serão priorizados o uso dos imunizantes da AstraZeneca, da Pfizer e da Janssen.

A CoronaVac acrescenta, como terceira dose, um aumento de até cinco vezes a estimulação de anticorpos, então isso não está baseado em regra técnica, é uma preferência do ministro para atingir a CoronaVac.
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan

Em coletiva na tarde de hoje no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, ele afirmou que são "ataques repetidos" do ministério ao imunizante produzido pelo Butantan em parceria com a chinesa Sinovac.

"Nós convivemos com isso quase que vindo diariamente por parte do governo federal, especialmente pelo presidente da República e pelo ministro Queiroga, que está agora aí fazendo esse movimento", declarou Dimas.

Desde o anúncio da produção do imunizante no país pelo governador João Doria (PSDB-SP), no segundo semestre do ano passado, a CoronaVac tem recebido diferentes acusações por parte do governo federal.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já chamou a vacina de "vachina" e desautorizou publicamente a compra pelo ex-ministro Eduardo Pazuello, em outubro, antes de finalmente realizá-la, em dezembro.

Atualmente, o Ministério da Saúde tem um contrato da compra de 100 milhões de doses com o Butantan, que o instituto paulista promete cumprir até a próxima segunda (30). Ainda faltam 17,2 milhões de unidades.

"O nosso contrato com o MS vence esse mês. Vamos entregar os 100 milhões de doses e não temos programação de entregar mais doses", declarou Dimas, claramente impaciente.