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Fiocruz: RJ está 'na contramão do país' em ocupação de leitos de UTI covid

Mister Shadow/Estadão Conteúdo
Imagem: Mister Shadow/Estadão Conteúdo

Lola Ferreira

Do UOL, no Rio

03/09/2021 17h16

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) alertou hoje que o Rio de Janeiro está "na contramão do país" pois é o único estado que registra tendência de aumento na já alta taxa de ocupação dos leitos de UTI para covid-19.

A análise consta na edição mais recente do boletim Observatório Covid-19, divulgado hoje pela fundação. O Rio está hoje com 72% dos seus leitos de UTI para covid ocupados na rede pública. É o segundo estado com maior ocupação, atrás apenas de Roraima, que tem ocupação de 82%.

Mas os pesquisadores alertam que Roraima tem uma infraestrutura restrita, de apenas 50 leitos de UTI, enquanto o Rio possui cerca de 2.100 na rede pública.

Quinzenalmente, ou em edições extraordinárias, pesquisadores da Fiocruz analisam os indicadores relacionados à covid-19 no país e fazem projeções e alertas.

Rio e Goiás na 'zona de alerta' para ocupação

O boletim aponta que o Rio de Janeiro está na "zona de alerta intermediário" para o indicador, junto a Goiás, que tem 62% dos leitos de UTI ocupados. No último boletim, o estado do Centro-Oeste tinha 69%. Ou seja, ainda que o índice se mantenha alto, registrou queda.

A situação do Rio, no entanto, é diferente: tem mantido índices altos, mesmo com ampla oferta de leitos. "Está na contramão do país ao ratificar a tendência de crescimento do indicador", diz o texto.

O boletim também cita um "temor" de que a tendência de melhora nos indicadores da pandemia seja interrompida no restante do país, a exemplo do estado do Rio, com a circulação da variante delta.

A recomendação é "manter cautela e continuar acompanhando os indicadores nas próximas semanas".

Veja as taxas de ocupação de cada estado na última semana e hoje:

  • Acre: 7% para 9%
  • Alagoas: 24% para 16%
  • Amapá: 20% para 15%
  • Amazonas: 50% para 41%
  • Bahia: 40% para 33%
  • Ceará: 41% para 37%
  • Distrito Federal: 61% para 58%
  • Espírito Santo: 44% para 42%
  • Goiás: 69% para 62%
  • Maranhão: 48% para 45%
  • Mato Grosso: 61% para 45%
  • Mato Grosso do Sul: 48% para 37%
  • Minas Gerais: 42% para 31%
  • Pará: 40% para 42%
  • Paraíba: 19% para 18%
  • Paraná: 61% para 59%
  • Pernambuco: 42% para 38%
  • Piauí: 40% para 41%
  • Rio de Janeiro: 70% para 72%
  • Rio Grande do Norte: 35% para 31%
  • Rio Grande do Sul: 56% para 55%
  • Rondônia: 50% para 43%
  • Roraima: 74% para 82%
  • Santa Catarina: 52% para 47%
  • São Paulo: 43% para 36%
  • Sergipe: 30% para 25%
  • Tocantins: 57% para 43%

Ainda que outros estados tenham registrado leve aumento na taxa de ocupação, eles não alcançaram níveis críticos tampouco se mantêm com ocupação alta ao longo das últimas semanas, como o Rio de Janeiro.

Capital fluminense tem a pior taxa de ocupação

Em relação às capitais, a cidade do Rio continua sendo a pior em relação à taxa de ocupação dos leitos de UTI para covid. Com 96%, o Rio está 14 pontos percentuais acima de Boa Vista —onde estão os 50 leitos de Roraima.

Depois, cinco capitais estão na considerada "zona de alerta intermediário": Curitiba (75%), Goiânia (69%), Porto Alegre (66%), Belo Horizonte (61%) e Fortaleza (60%). O restante está fora da zona de alerta, com taxas que vão de 58% em Brasília a 10% em Rio Branco.

O boletim da Fiocruz recomenda a manutenção das medidas de uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos. "Deve-se evitar a perspectiva alarmista, mas também não se deve assumir que o panorama indica a possibilidade de flexibilização absoluta de atividades e circulação de pessoas", afirma a fundação.

A Fiocruz também alerta para a necessidade do avanço de forma rápida da vacinação para os grupos ainda não alcançados, além da aplicação da dose de reforço em idosos.

No entanto, a capital fluminense tem enfrentado problemas frequentes para cumprir o calendário, atribuídos à distribuição das doses por parte do governo federal.

A segunda dose para quem tomou Coronavac ficou suspensa na cidade e será retomada amanhã (4), depois de dois dias. A vacinação de adolescentes, que foi interrompida por falta de doses da Pfizer —única aprovada para essa faixa etária— ainda não tem data para ser retomada.