Após ameaças, Anvisa divulga pareceres que embasaram vacina para crianças
Após técnicos receberem ameaças, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) resolveu divulgar os dois pareceres que embasaram a liberação da vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos.
Até o momento, ao menos 150 técnicos e diretores da Anvisa receberam emails com ameaças. O movimento ocorreu em meio à resistência do presidente Jair Bolsonaro (PL) à decisão da Anvisa.
A Anvisa anunciou a divulgação do Parecer Público de Avaliação de Medicamentos, que reflete a avaliação de benefício-risco na aplicação da vacina, e o Parecer Técnico PGR (Plano de Gerenciamento de Riscos), no qual constam as ações de farmacovigilância relacionadas à amplação do uso do imunizante.
Em nota, a Anvisa ressaltou a segurança da vacina para crianças: "Com base na totalidade das evidências científicas disponíveis, incluindo estudos de fase I, II e III, a Anvisa concluiu que vacina Pfizer-BioNTech Covid-19, quando administrada no esquema de 2 doses em crianças de 5 a 11 anos de idade, é segura e eficaz na prevenção da Covid-19 sintomática, na prevenção das doenças graves, potencialmente fatais ou condições que podem ser causadas pelo SARS-CoV-2".
Na última quinta-feira (16), durante a transmissão ao vivo semanal realizada pelo presidente, ele defendeu a divulgação dos nomes dos técnicos envolvidos na aprovação da vacina para crianças.
"Não sei se são diretores e o presidente que chegaram a essa conclusão ou o tal do corpo técnico. Mas seja qual for, você tem direito a saber o nome das pessoas que aprovaram a vacina a partir de 5 anos para seu filho. E você decida se essa vacina se compensa ou não", disse Bolsonaro.
Nesta segunda (20), o ministro da Saúde Marcelo Queiroga somou-se ao chefe e também defendeu a exposição dos técnicos.
"O serviço público é caracterizado pela publicidade dos seus atos. Então, todos os técnicos que se manifestam em processos administrativos tem que ser publicizados os atos, a não ser aqueles atos que são mais restritos. Mas não há problema em se ter publicidade dos atos da administração", disse Queiroga, em conversa com jornalistas.
Na nota divulgada hoje, a Anvisa saiu em defesa de seus servidores, destacando que a decisão foi tomada com a participação de entidades médicas.
"As avaliações pela Anvisa de solicitações de autorização de vacinas são realizadas por equipes multidisciplinares de especialistas em regulação e vigilância sanitária devidamente capacitados para esse fim. Estes servidores são de carreira de Estado, concursados com dedicação exclusiva. Nessa avaliação, a Agência também contou com a participação das sociedades médicas de notório saber no tema: Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e do Instituto de Pesquisa do Hospital Albert Einstein, também foi convidada a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)".
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