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Vecina: Consulta pública sobre vacina infantil é perda de tempo e dinheiro

Do UOL, em São Paulo

04/01/2022 14h00

Médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Gonzalo Vecina Neto elogiou a agência por não participar de audiência pública sobre a vacinação infantil. Em entrevista ao UOL News de hoje (4) ele classificou a atitude do Ministério da Saúde como "perda de tempo e dinheiro".

A pasta promoveu uma consulta pública sobre a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos e o resultado, divulgado nesta manhã, aponta que a maioria dos votantes foi a favor da imunização da faixa etária sem necessidade de prescrição médica, contrariando o que defende o governo federal.

Só foi perda de tempo e de dinheiro essa ideia de consulta pública."
Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa

Também foi promovida uma audiência pública na Câmara dos Deputados, organizada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania), onde nenhum representante da Anvisa compareceu.

"É uma perda de tempo fantástica, não há nenhuma razão para realizar essa consulta pública. Ela está literalmente chovendo no molhado. Mas, por exigência do Bolsonaro e por 'sabujice' do nosso ministro da Saúde, estamos realizando a consulta pública. Acho que a Anvisa está certa em não participar", declarou Vecina.

O ex-presidente da Anvisa observou que há necessidade de vacinar as crianças porque, na escola, há amplo risco de contágio e circulação do vírus.

"As crianças vão para a escola, trocam material biológico com os colegas, voltam para casa e trazem esse material biológico", observou. "É importante que as crianças que vão às escolas estejam vacinadas, isso diminuirá o risco."

Audiência tem médicos que já propagaram fake news

A audiência na CCJ teve a participação de três médicos indicados pela presidente da comissão, a deputada Bia Kicis (PSL-DF): José Augusto Nasser, Roberta Lacerda e Roberto Zeballos. Os três são contrários ao passaporte sanitário e defendem o suposto tratamento precoce contra a covid-19 com medicamentos que não possuem eficácia comprovada pela ciência.

Zeballos e Lacerda já foram alvo de checagens do Projeto Comprova, do qual o UOL faz parte. Ele minimizou o risco da variante delta e disse de forma equivocada que a vacina não funcionava contra a cepa; ela distorceu dados hospitalares para acusar o CDC (agência sanitária dos Estados Unidos) de mentir sobre casos de covid em não vacinados.