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Sob Kicis, CCJ indicou médicos contra vacinação de crianças para audiência

Deputada Bia Kicis, presidente da CCJ  -  Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Deputada Bia Kicis, presidente da CCJ Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Rafael Neves

Do UOL, em Brasília

04/01/2022 13h43

A deputada Bia Kicis (PSL-DF), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, indicou pessoalmente os três médicos que falam em nome do colegiado, hoje, em audiência pública organizada pelo Ministério da Saúde para discutir a vacinação contra a covid-19 para crianças de 5 a 11 anos. Em suas manifestações, todos fizeram comentários contrários ao imunizante.

Kicis apontou o imunologista Roberto Zeballos, a infectologista Roberta Lacerda e o neurocirurgião Augusto Nasser para falarem no evento, que ocorre desde a manhã na sede da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), em Brasília. Os três vêm emitindo, durante a pandemia, posicionamentos alinhados aos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Questionada pelo UOL, Kicis confirmou que os profissionais da saúde falaram em nome da CCJ por uma escolha pessoal dela, apesar de o colegiado ter 66 membros, parte deles na oposição. "A indicação foi minha, como parlamentar e presidente da CCJ", afirmou.

Para os profissionais escolhidos pela deputada, os números de internações e mortes de crianças por covid não indicam uma situação emergencial, e os benefícios da imunização infantil não compensam os riscos de efeitos colaterais, como a miocardite (inflamação do músculo cardíaco).

Zeballos afirmou, em sua exposição, que não é contrário à imunização para as famílias que desejarem, mas que é preciso haver "transparência" sobre os riscos associados. "Eu quero que assumam que a vacina é experimental e que o Brasil não está em situação de emergência", declarou.

O raciocínio, porém, foi rebatido na audiência por outros especialistas, como representantes da SBI (Sociedade Brasileira de Imunizações) e da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), que recomendam a imunização.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por sua vez, informou ao Ministério da Saúde que não participará da audiência, porque já se posicionou a favor da vacinação para a faixa de 5 a 11 anos desde o dia 16 de dezembro.