OMS esperava que Brasil seria um exemplo na pandemia, diz Jamil Chade
Jamil Chade, colunista do UOL, lançou o livro "Luto: Reflexões sobre a reinvenção do futuro", em que reúne textos sobre como a sociedade reagiu diante da pandemia de covid-19. Em participação no UOL Entrevista, nesta quinta-feira (31), ele comentou que atualmente muitas pessoas não querem mais ouvir falar sobre o assunto. Mas explicou que as instituições, como a imprensa, não podem deixar o tema de lado.
"É normal que famílias que sofreram não queiram mais ler sobre isso. Elas querem ir adiante e passar esse capítulo. Entendo. Mas as instituições não têm esse direito de falar simplesmente 'vidas se perdem'. É isso que tento colocar no livro de uma forma coerente", explicou Jamil.
O jornalista também contou sobre bastidores da cobertura na OMS (Organização Mundial de Saúde).
"Tive um encontro com uma altíssima autoridade da OMS, em 'off'. Essa autoridade, no momento mais crítico da pandemia em Manaus, me disse: 'vocês no Brasil têm médicos, especialistas, centros capazes e experiência em surtos. Vocês são orgulhosamente líderes em questões sanitárias. Como isso aconteceu? Tínhamos impressão que, quando chegasse ao Brasil, vocês seriam um exemplo para o mundo. E aí vem o desastre'. O desastre é resultado do negacionismo, da incapacidade de reconhecer a existência da pandemia, de reconhecer a ameaça que representava, e de não tomar medidas necessárias", contou Jamil.
Ele também lembrou do início da pandemia, quando percebeu que o mundo não estava preparado para a pandemia. "Olhava para a cara dos cientistas e eles estavam perdidos Para eles era algo de fato novo. Então você pensava: 'O mundo não sabe o que fazer".
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