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Nobel de Medicina premia sueco por descobertas sobre genética evolutiva

O geneticista sueco Svante Paabo posa com seu troféu durante a cerimônia de entrega do Prêmio Japão em Tóquio, Japão, em 13 de abril de 2022 - POOL/REUTERS
O geneticista sueco Svante Paabo posa com seu troféu durante a cerimônia de entrega do Prêmio Japão em Tóquio, Japão, em 13 de abril de 2022 Imagem: POOL/REUTERS

Do UOL, em São Paulo*

03/10/2022 07h40Atualizada em 03/10/2022 08h24

O paleogeneticista sueco Svante Pääbo, de 67 anos, que sequenciou o genoma do neandertal e descobriu o hominídeo de Denisova, foi anunciado hoje como vencedor do Prêmio Nobel de Medicina. Confira aqui a lista dos vencedores dos últimos 10 anos da premiação.

Os estudos de Pääbo, que pode ser considerado uma espécie de arqueólogo do DNA, explicam as diferenças genéticas que distinguem os seres humanos vivos dos ancestrais já extintos.

Ao revelar as diferenças genéticas que distinguem todos os seres humanos vivos dos hominídeos extintos, suas descobertas fornecem a base para explorar o que faz de nós, humanos, seres únicos.
Trecho de comunicado do Comitê Nobel

"As diferenças genéticas entre o Homo Sapiens e nossos parentes mais próximos agora extintos não eram conhecidas até que foram identificadas graças ao trabalho de Pääbo", acrescentou o Comitê Nobel.

Svante Pääbo descobriu que uma transferência de genes havia ocorrido entre estes hominídeos extintos e o Homo Sapiens. O fluxo antigo de genes para os humanos modernos tem um impacto fisiológico, por exemplo, na forma como nosso sistema imunológico responde a infecções.

Tradicionalmente, pesquisadores usavam artefatos antigos ou ossos para saber mais sobre nossos antepassados, mas Pääbo ostrou que era possível analisar o DNA desses hominídeos.

Além disso, o Instituto Karolinska destacou que ele desenvolveu um trabalho considerado impossível: sequenciar o genoma de um neandertal, um parente extinto dos humanos de hoje. "Também fez a sensacional descoberta de um hominídeo extinto, o denisovano, completamente com base em dados de genoma recuperados de uma amostra de osso do dedo mínimo."

O pai do sueco, Sune Bergström, venceu o Nobel de Medicina em 1982 (veja mais abaixo).

Com a conquista, o especialista sueco, atualmente afiliado ao Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha, e ao Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, no Japão, também ganha 10 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 4,8 milhões).

No ano passado, o prêmio foi atribuído aos americanos Ardem Patapoutian e David Julius por suas descobertas sobre a maneira como o sistema nervoso percebe a temperatura e o toque.

Quem é o vencedor

Svante Pääbo nasceu em 1955 em Estocolmo, Suécia. Defendeu sua tese de doutorado em 1986 na Universidade de Uppsala e fez pós-doutorado na Universidade de Zurique, Suíça e, posteriormente, na Universidade da Califórnia, Berkeley, EUA.

Tornou-se professor na Universidade de Munique, Alemanha, em 1990. Em 1999 fundou o Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, Alemanha, onde ainda trabalha. Ele também ocupa o cargo de professor adjunto no Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, Japão.

Filho de outro Nobel de Medicina. Svante Pääbo é filho de outro Nobel de Medicina, o bioquímico Sune K Bergström, que ganhou a homenagem em 1982 por sua pesquisa sobre as prostaglandinas, substâncias similares a hormônios que regulam vários processos no organismo. Pääbo era filho de um relacionamento extraconjugal de Bergström e tinha contato restrito com o pai.

Em entrevistas, o geneticista já declarou que seu interesse pelo passado dos homens surgiu na adolescência, quando era um apaixonado por egiptologia e visitou pela primeira vez o país africano, levado pela mãe. Anos depois, Pääbo se envolveu em pesquisas que tinham o objetivo de analisar o DNA de múmias.

Desde o ano passado, tem havido expectativa sobre a premiação ser dada aos desenvolvedores da vacina de RNA contra a covid-19 —em especial para a pesquisadora húngara radicada nos Estados Unidos Katalin Kariko —, mas os responsáveis pela láurea costumam esperar alguns anos para que a descoberta científica se consolide.

Entrega de outros prêmios do Nobel 2022

Os próximos vencedores serão anunciados nas seguintes datas:

  • Nobel de Física: 4 de outubro
  • Nobel de Química: 5 de outubro
  • Nobel de Literatura: 6 de outubro
  • Nobel da Paz: 7 de outubro
  • Ciências Econômicas: 10 de outubro

História do Nobel

Os prêmios Nobel nasceram da vontade do sábio e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite, de legar grande parte de sua fortuna aos que trabalham por "um mundo melhor". Ele é lembrado como o patrono das artes, das ciências e da paz que, antes de morrer, no limiar do século 20, transformou a nitroglicerina em ouro.

Nobel, que patenteou mais de 350 produtos ao longo da vida, também inventou a borracha e o couro sintético.

Em seu testamento, assinado em Paris em 1895, um ano antes de sua morte em San Remo (Itália), ele determinou que a maioria de sua fortuna —estimada em mais de 31 milhões de coroas suecas, fosse convertida em um fundo que concedesse "prêmios para quem, durante o ano anterior, tiver conferido à humanidade os maiores benefícios".

Ele também designou os diferentes comitês que atribuem os prêmios a cada ano: a Academia Sueca para o de Literatura, o Karolinska Institutet para o de Medicina, a Real Academia Sueca de Ciências para o de Física e o de Química, e um comitê de cinco membros especialmente eleitos pelo Parlamento norueguês para o da Paz.

Como funciona o prêmio. As indicações para o Nobel têm início um ano antes do anúncio dos vencedores. Cientistas, professores, acadêmicos e vencedores de outras edições enviam nomes para a consideração do Comitê Nobel, que decide quais serão os indicados de fato. Não é possível que uma pessoa indique a si mesma para a seleção.

A entrega das honrarias ocorre sempre no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Nobel. Os laureados recebem diploma, medalha de ouro e uma quantia em dinheiro.

*Com ANSA, AFP e Estadão Conteúdo