'Medo de perdê-la', diz mãe que levou filha com dengue a hospital no DF

Quase 30 mil pessoas com suspeita de dengue já procuraram atendimento no Hospital de Campanha, em Ceilândia, no Distrito Federal. A estrutura foi erguida há um mês por conta do estado de emergência, decretado no final de janeiro, e pela epidemia da doença.

No Distrito Federal já são 120.625 casos prováveis de dengue, segundo o último boletim, divulgado pela Secretaria de Saúde no último sábado (2). Também foram registradas 78 mortes por conta da doença - o maior número em comparação com as outras unidades da federação.

O que aconteceu

A estudante Vitória Gomes de Sousa, 14, ficou quatro dias internada após apresentar sintomas de dengue no final de fevereiro. Ela foi levada pela mãe, Maria Gomes, para ser atendida no Hospital de Campanha, montado pela FAB (Força Aérea Brasileira). "Fiquei com muito medo de perder minha filha, mas deu tudo certo", diz Maria Gomes.

Vitória Gomes de Sousa, 14, e a mãe comemoram alta do Hcamp
Vitória Gomes de Sousa, 14, e a mãe comemoram alta do Hcamp Imagem: Jéssica Nascimento/UOL

Vitória conta que o estado de saúde dela "piorou da noite para o dia".

Minha mãe me trouxe na tenda e já identificaram que minhas plaquetas estavam baixas e eu também estava com água no pulmão. Fiquei durante todos esses dias tomando medicamentos para dores e também bastante soro. Agora, felizmente, estou recuperada", disse a moradora de Ceilândia na saída do hospital. Vitória Gomes de Sousa

Pedro Neres aguardava internação do filho de 7 anos
Pedro Neres aguardava internação do filho de 7 anos Imagem: Jéssica Nascimento/UOL

O borracheiro Pedro Neres da Costa Melo, 52, também procurou atendimento no local para o filho de 7 anos. O menino foi atendido pelo HCamp no último sábado (2), com fortes dores abdominais e febre de 39 graus. Porém, foi liberado para se recuperar em casa. Mas, o estado de saúde de Miguel piorou, e ele precisou de um novo atendimento.

Dois dias depois do primeiro atendimento, ele disse que não conseguia ir pra escola porque a barriguinha dele estava doendo muito. Esperamos, mas os sintomas não melhoraram e por isso voltamos para o HCamp. Essa doença é muito preocupante e assustadora. O governo precisa tomar medidas mais efetivas e comprar mais vacinas. Pedro Neres da Costa Melo, borracheiro

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Francisco Aurélio de Sousa, 52 anos, foi diagnosticado com dengue e liberado para casa
Francisco Aurélio de Sousa, 52 anos, foi diagnosticado com dengue e liberado para casa Imagem: Jéssica Nascimento/UOL

O prenseiro Francisco Aurélio de Sousa, 52 anos, testou positivo para a dengue, pela segunda vez, em dois anos, e também foi até o HCamp. "Tive dor no olhos e corpo, febre e vômito. Da outra vez, passei muito mal. Não fui atendido nem no Hospital de Ceilândia, muito menos na Unidade Básica de Saúde. Ainda bem que esse hospital foi montado pela FAB. Agora o tratamento é em casa com muito soro e repouso", disse.

Dos 29.163 atendimentos no Hospital de Campanha, apenas 2,35% precisaram de internação. Dos quase 30 mil atendidos, 1.316 pacientes têm de 0 a 14 anos.

No Distrito Federal, a maior incidência de casos prováveis de dengue é na faixa etária de 20 a 29 anos. Foram 4.245 ocorrências para cada grupo de 100 mil habitantes. Na sequência, estão idosos de 80 a 89 anos e de 70 a 79 anos com 4.094 e 4.072 casos por 100 mil habitantes.

"Não houve agravamento", diz secretaria

Número de atendimentos oscila conforme o dia da semana, aumentando aos sábados e domingos e também entre 18 e 22 horas, de acordo com a Secretaria de Saúde.

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"Não houve necessariamente um agravamento, houve uma procura por atendimento de sintomas que não eram suspeitos de dengue ou pacientes com alguma doença preexistente descompensada por estarem com dengue", disse a pasta ao UOL.

Como funciona o Hospital de Campanha

Espaço tem capacidade para acomodar 600 pessoas e está equipado para realizar exames e procedimentos, 24 horas por dia. A estrutura está localizada ao lado da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) I da região, que está a 33 km do centro de Brasília.

O HCamp possui também um centro de Emergência, interligado por dois túneis. Um se comunica com a tenda de laboratório, onde são feitos a coleta e os exames para diagnóstico de dengue, assim como acompanhamento do tratamento. O outro leva ao espaço de hidratação, que tem dois setores separados - pediátrico e adulto.

A triagem é conduzida por servidores da Secretaria de Saúde, enquanto o atendimento aos pacientes é de responsabilidade da FAB. Ao todo, 29 militares da área de saúde atuam no espaço, sendo nove lotados em unidades do Distrito Federal e 20 deslocados do Rio de Janeiro. A equipe é composta por sete médicos, dos quais quatro são clínicos e três pediatras, além de enfermeiros e técnicos de enfermagem e de laboratório.

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