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Ex-presidente israelense Shimon Peres 'entre a vida e a morte'

27/09/2016 16h31

Tel Aviv, 27 Set 2016 (AFP) - O ex-presidente israelense e prêmio Nobel da Paz, Shimon Peres, está "entre a vida e a morte", segundo pessoas próximas, depois que seu estado piorou nesta terça-feira (27), após sofrer há duas semanas um acidente vascular cerebral (AVC).

Shimon Peres, de 93 anos, é o último sobrevivente da geração dos fundadores do Estado de Israel, e foi um dos que participou dos acordos de Oslo assinados com os palestinos nos anos 1990.

Peres ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1994 junto com Yitzhak Rabin e Yasser Arafat "por seus esforços a favor da paz no Oriente Médio".

As mensagens de apoio enviadas por personalidades de todo o mundo demonstram o respeito internacional que ganhou após décadas de carreira política.

Shimon Peres foi vítima de um AVC no dia 13 de setembro, e foi hospitalizado no centro Tel Hashomer de Ramat Gan, o maior hospital israelense perto de Tel Aviv, onde foi sedado e conectado a um respirador no setor de cuidados intensivos.

Seus médicos falaram imediatamente de estado crítico, mas depois indicaram que sua situação era estável, e mais tarde apontaram uma certa melhora.

Inclusive planejaram reduzir sua ajuda respiratória e os sedativos para avaliar sua reação.

No entanto, seu estado se deteriorou nesta terça-feira, indicou à AFP uma fonte próxima a ele que pediu o anonimato. "Sua saúde está muito, muito complicada. Seus médicos estão preocupados", acrescentou.

"O presidente está entre a vida e a morte", reconheceu.

Seus filhos e netos estavam no hospital, acrescentou a mesma fonte.

Sequelas "permanentes"Uma porta-voz do hospital, Lee Gat, assegurou que Peres "está em um estado muito, muito grave. Somos menos otimistas".

"Os danos sofridos pelo cérebro são permanentes", admitiu pela primeira vez. Até agora, os médicos haviam evitado falar das sequelas do AVC.

Mais de 15 milhões de pessoas no mundo, sobretudo idosas, sofrem todos os anos um AVC, de acordo com a Federação Mundial do Coração, com sede em Genebra. Cerca de seis milhões de pessoas morrem desta doença que ocorre quando a circulação do sangue é interrompida e o cérebro fica privado de oxigênio e nutrientes.

Desde 13 de setembro, o papa Francisco, os presidentes americano, Barack Obama, e russo, Vladimir Putin, e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair enviaram mensagens de solidariedade.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, desejou a ele "uma rápida e completa recuperação", acrescentando que Peres era "um trabalhador incansável em busca da paz entre israelenses e palestinos".

Um sábio da naçãoPeres, apesar de ter participado das grandes batalhas da curta história de Israel e suas agudas controvérsias políticas, construiu a imagem de um político de consenso, sendo considerado um "sábio" da nação.

Foi ministro em inúmeros governos, assumiu em várias ocasiões o cargo de primeiro-ministro e, depois, de presidente do Estado de Israel de 2007 a 2014. Ocupou praticamente todos os cargos de alto nível no país, desde a Defesa, passando pelas Finanças e também Política Exterior.

Entrou na política aos 25 anos graças ao "velho leão", David Ben Gurion, fundador de Israel.

Peres também é considerado o pai do programa nuclear israelense.

Apesar dos acordos de Oslo e das negociações de paz, os palestinos têm uma visão muito mais turva de quem garantiu as primeiras colônias judaicas na Cisjordânia e ainda era primeiro-ministro quando a aviação israelense bombardeou o povoado libanês de Cana, matando 106 civis em abril de 1996.

Aos 93 anos continuou sendo uma figura muito ativa através de seu Centro Peres para a Paz, que promove a convivência entre judeus e árabes.

Em uma ocasião revelou que o segredo de sua longevidade consistia em fazer ginástica todos os dias, comer pouco e beber uma ou duas taças de um bom vinho.

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