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Haley, a governadora que ganhou destaque em meio a tensões raciais

23/11/2016 17h30

Washington, 23 Nov 2016 (AFP) - Nomeada pelo presidente eleito Donald Trump como futura embaixadora na ONU, a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, era pouco conhecida a nível nacional até que um tiroteio em seu estado deu a ela um protagonismo.

O massacre em uma histórica igreja negra em Charleston em junho de 2015 trouxe à tona algumas das tensões raciais que ainda persistem neste estado que, em 1860, se tornou o primeiro a se separar dos Estados Unidos antes da Guerra Civil.

Filha de imigrantes indianos, Haley se posicionou com firmeza contra o tiroteio planejado por um jovem branco e iniciou uma campanha para retirar de todos os edifícios públicos da Carolina do Sul a bandeira confederada, vista por muitos como um símbolo racista.

Se o Senado confirmar sua nomeação, Nikki Haley, de 44 anos, se tornará a primeira mulher a compor o gabinete de Trump.

Criada como uma Sij (religião indiana), também é a primeira integrante de uma minoria incluída na lista do magnata, composta até agora somente por funcionários brancos. Haley se define como cristã.

Crítica de TrumpDurante a campanha, Haley fez críticas a Trump e nas primárias republicanos apoiou o senador pela Flórida Marco Rubio e depois o senador Ted Cruz.

Sua nomeação poderia ajudar a aliviar as tensões depois de uma campanha dividida em que Trump atacou violentamente os imigrantes mexicanos, a quem chamou de estupradores e criminosos; ameaçou proibir a entrada de muçulmanos no país; e enfrentou acusações de várias mulheres por assédio sexual e abuso.

Batizada como Nimrata Nikki Randhawa, ela nasceu em 1972 em Bamberg, Carolina do Sul. Ainda jovem, ajudava a mãe em sua loja de roupas, principalmente com os livros de contabilidade. A experiência levou-a a estudar e se formar contadora.

Haley trabalhou na Câmara de Representantes da Carolina do Sul entre 2005 e 2011. Quando se candidatou pela primeira vez, foi insultada por algumas pessoas do Partido Republicano.

Muito popular entre os conservadores anti-impostos do "Tea Party", parte ultraconservadora do Partido Republicano, Haley ganhou o apoio da ex-governadora do Alasca Sarah Palin e chegou ao governo do estado em 2010.

Atualmente, é a governadora mais jovem dos Estados Unidos e a segunda de descendência indiana, depois de Bobby Jindal, da Louisiana.

O prestigioso cargo de embaixadora nas Nações Unidas com certeza desperta a ira entre seus opositores, pois Haley não possui experiência em política externa.

Foi parabenizada pelos embaixadores na ONU da Grã-Bretanha e de Israel, dois aliados próximos aos Estados Unidos.

"Ela trará para as Nações Unidas o histórico sólido de suas conquistas na Carolina do Sul e sei que a relação entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos continuará avançando com força", disse o embaixador britânico Matthew Rycroft a jornalistas.

O representante israelense Danny Danon saudou-a como "uma amiga verdadeira e de longa data de Israel" que, na Carolina do Sul, lutou contra um movimento pró-palestino com boicotes e sanções.

Caso seja confirmada, Haley substituirá Samantha Power, que ocupa o cargo desde 2013.

A governadora da Carolina do Sul é casada com Michael Haley, um oficial da Guarda Nacional do estado, com quem tem dois filhos.