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Antiterrorismo alemão subestimou perigo de suposto autor de ataque em Berlim

29/12/2016 13h05

Berlim, 29 dez 2016 (AFP) - O centro alemão de luta antiterrorista analisou o caso do suposto autor do atentado de Berlim, Anis Amri, em muitas ocasiões em 2016, mas considerou pouco provável que cometesse um ataque, afirma o jornal Süddeutsche Zeitung nesta quinta-feira.

O jornal revela o conteúdo dos relatórios do centro antiterrorista, o último dos quais foi redigido em 14 de dezembro, isto é, cinco dias antes do ataque que deixou 12 mortos em um mercado de Natal da capital.

Segundo o Süddeutsche Zeitung, as autoridades sabiam que Amri, abatido na sexta-feira na Itália, mantinha vínculos estreitos com os círculos extremistas alemães e que a polícia de Dortmund o definiu como "partidário (do grupo) Estado Islâmico" (EI).

Os investigadores também estavam cientes que o tunisiano havia buscado na internet a maneira de fabricar bombas e que havia oferecido seus serviços como suicida, provavelmente a um membro do EI.

Os especialistas do centro antiterrorista estabeleceram, além disso, que Amri tinha oito identidades conhecidas, circulava livre e constantemente pelo território alemão e frequentava uma escola islâmica de Dortmund, suspeita de preparar os que desejam se unir ao EI na Síria e no Iraque.

Apesar de todos estes indícios, o centro antiterrorista atribuiu ao tunisiano o nível 5 de periculosidade em uma escala de 1 a 8, o que significa, segundo o Süddeutsche Zeitung, que "um ato de violência é pouco provável".

Em seu relatório de 14 de dezembro, os especialistas antiterroristas destacavam que Amri tinha "uma experiência (do funcionamento) da polícia" pouco habitual, inclusive para um islamita radical. E, ainda assim, haviam perdido seu rastro em novembro.

As autoridades alemãs admitiram pouco depois do atentado que a polícia havia vigiado Amri entre fevereiro e setembro porque suspeitava que estava preparando um atentado.

O tunisiano invadiu o mercado de Natal com um caminhão roubado, cujo motorista ele assassinou, e depois atropelou a multidão deixando outros 11 mortos e 50 feridos.