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Microplásticos de roupas e pneus poluem oceanos e afetam a saúde (estudo)

21/02/2017 21h08

Genebra, 22 Fev 2017 (AFP) - Partículas invisíveis de produtos como roupas sintéticas e pneus de carros representam até um terço dos plásticos que poluem os oceanos, afetando os ecossistemas e a saúde humana, alerta um órgão conservacionista.

Essas partículas microplásticas constituem uma parte significativa da "sopa de plástico", que representa entre 15% e 31% das 9,5 milhões de toneladas de plásticos lançadas nos oceanos a cada ano, de acordo com um relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que será divulgado na quarta-feira.

A organização descobriu que em muitos países desenvolvidos da América do Norte e da Europa, que têm uma gestão eficaz de resíduos, minúsculas partículas plásticas são uma fonte maior de poluição plástica marítima do que os resíduos plásticos.

"Os resíduos plásticos não são tudo o que há para os plásticos nos oceanos", disse a diretora da IUCN, Inger Andersen, em um comunicado, alertando que "devemos olhar muito além da gestão de resíduos para enfrentar a poluição oceânica na sua totalidade".

"Nossas atividades diárias, como lavar roupas e dirigir, contribuem significativamente para a poluição que asfixia nossos oceanos, com efeitos potencialmente desastrosos para a rica diversidade de vida dentro deles e para a saúde humana", afirmou.

Os microplásticos, que são difíceis de detectar, podem prejudicar gravemente a vida selvagem marinha e, conforme penetram no fornecimento global de alimentos e água, podem representar um risco significativo para a saúde humana.

A IUCN pediu aos fabricantes de pneus e vestuário, especialmente, que mudem seus métodos de produção para fazer produtos menos poluentes.

Karl Gustaf Lundin, que lidera o Programa Marinho e Polar Global da UICN, disse à AFP que os fabricantes de pneus poderiam, por exemplo, voltar a usar principalmente borracha, enquanto os fabricantes de têxteis poderiam parar de usar revestimentos de plástico em suas roupas.

Essas medidas são vitais para limitar os danos, disse Lundin, alertando que a situação é particularmente preocupante no Ártico - a maior fonte de frutos do mar da Europa e da América do Norte.

"Parece que o microplástico está congelando dentro do gelo marinho, e visto que o ponto de fusão do gelo diminui quando há pequenas partículas nele, isso provoca um desaparecimento mais rápido do gelo marinho", acrescentou.

Lundin apontou, ainda, que quando o gelo derrete, ele libera o plâncton que atrai os peixes, permitindo que as partículas plásticas "entrem diretamente na nossa cadeia alimentar".