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Acusado de assédio, candidato do Alabama coloca em risco cadeira republicana no Senado

O candidato ao Senado dos EUA Roy Moore durante campanha em Fairhope, Alabama - Brynn Anderson/AP
O candidato ao Senado dos EUA Roy Moore durante campanha em Fairhope, Alabama Imagem: Brynn Anderson/AP

Em Birmigham (EUA)

11/12/2017 11h42

A campanha por uma cadeira no Senado pelo Estado do Alabama chega ao fim nesta segunda-feira (11), com o ultraconservador republicano Roy Moore enfrentando o democrata Doug Jones nas eleições de terça-feira (12).

Até recentemente era inimaginável que um republicano poderia correr o risco de perder uma eleição em um Estado que não dá a vitória a um senador democrata desde 1992. O último democrata candidato à Presidência que recebeu mais votos que um republicano no Alabama foi Jimmy Carter, em 1976.

Roy Moore, no entanto, é diferente de qualquer republicano, após diversas mulheres o acusarem de tê-las assediado quando elas eram adolescentes, nas décadas de 1970 e 1980. Desde então, Moore perdeu boa parte da vantagem que tinha nas pesquisas, apesar de ainda aparecer à frente nas sondagens.

Ele nega as acusações. "Nunca tive um encontro com elas", disse em uma entrevista publicada no domingo. "Nunca agredi ninguém (...) não sei por que dizem isto, mas não é verdade".

Donald Trump, escolhido pelos eleitores do Alabama no ano passado, apelou aos simpatizantes para que votem em Moore. "Precisamos de Roy para que vote contra a imigração clandestina, por uma defesa mais forte e para proteger a segunda emenda [sobre armas de fogo] e nossos valores pró-vida (anti-aborto)", disse o presidente em uma mensagem gravada de telefone.

"Roy Moore é o homem que nos falta para fazer a América grande de novo", completou, antes de afirmar que se o Alabama "escolher o democrata liberal Doug Jones, todos os nossos avanços ficarão totalmente detidos".

Os eleitores do Estado conservador do sul dos Estados Unidos escolhem na terça o senador que irá substituir Jeff Sessions, apontado como secretário de Justiça no início do ano.

Rejeitado pelo próprios colegas republicanos

Moore, de 70 anos, foi eleito duas vezes presidente da Suprema Corte do Alabama, mas foi deposto do cargo duas vezes: em 2003 por ter se recusado a retirar de um prédio oficial uma estátua de duas toneladas em homenagem aos Dez Mandamentos e em 2016 por ter desafiado a Suprema Corte dos Estados Unidos ao recusar-se a aplicar a decisão que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Alguns líderes republicanos se distanciaram dele, pois rejeitam o extremismo religioso do ex-juiz, que é candidato ao Senado por ter vencido as primárias em agosto.

Stephen Bannon, ex-conselheiro da presidência e que se autproclamou guardião da revolução de Trump, deve participar no último comício de Roy Moore.

Para o Estado-Maior republicano em Washington, a eleição já representa uma derrota. Se Moore vencer, o partido teme ser prejudicado pela associação a seu nome; se ele perder, o partido também verá mais apertada sua maioria no Senado, com 52 das 100 cadeiras atualmente.

Mas determinado a manter a maioria republicana no Senado, Trump finalmente deu apoio político a Moore, após várias semanas de incerteza. Esta é uma aliança pragmática entre o populismo econômico do presidente e o ativismo religioso de Moore.

No Alabama, o caso Moore é citado em toda as conversas.

"Ele é o tipo de pessoa que prospera ao ter conflitos, que prospera em estabelecer sua posição, quase como se fosse um cruzado", disse à AFP o apresentador de um programa na rádio local WBHM Andrew Yeager.

"A maneira de encarar as acusações depende muito do que você pensa de Roy Moore", completa.

O candidato democrata Doug Jones, um ex-procurador federal de 63 anos, é conhecido por ter conseguido a condenação de membros da Ku Klux Klan envolvidos no incêndio de uma igreja frequentada por afro-americanos em Birmingham.

Jones aumentou o número de comícios para mobilizar a base democrata, majoritariamente negra.

"Faço política há 50 anos, vi o Alabama passar de democrata a republicano e nunca imaginei que teríamos uma oportunidade como esta, e agora temos", disse à AFP Richard Mauk, presidente do Partido Democrata no condado de Jefferson.

O dilema republicano levará alguns a dar as costas a seu candidato, mas não necessariamente a apoiar Jones.

"Não consegui votar em Roy Moore. Mas escrevi o nome de um republicano distinto", afirmou o outro senador por Alabama, o republicano Richard Shelby, que votou de modo antecipado e escreveu o nome de um terceiro candidato, como a lei permite.