Topo

Coreias do Sul e Norte aceitam dialogar pela primeira vez em dois anos

05/01/2018 08h22

Seul, 5 Jan 2018 (AFP) - A Coreia do Norte aceitou nesta sexta-feira a oferta de Seul para a realização de conversações na próxima semana, informou o ministério sul-coreano da Unificação, encarregado das relações com Pyongyang.

As conversações intercoreanas estavam interrompidas desde 2015.

"A Coreia do Norte nos enviou um fax esta manhã dizendo que aceita a proposta do Sul para conversações no dia 9 de janeiro", disse à AFP um funcionário do ministério.

"Iremos à Casa da Paz de Panmunjom em 9 de janeiro", afirmou, no fax, Ri Son-Gwon, chefe do Comitê norte-corano para a Reunificação Pacífica da Coreia.

A "Casa da Paz" é um prédio situado ao sul de Panmunjom, localidade da fronteira situada na Zona Desmilitarizada que divide a península coreana.

O porta-voz do Ministério da Unificação, Baek Tae-Hyun, declarou à imprensa que as negociações se concentrarão principalmente nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, na Coreia do Sul, entre 9 e 25 de fevereiro, e na "questão da melhoria das relações intercoreanas".

O diálogo chega após dois anos de aumento da tensão na península, durante os quais a Coreia do Norte realizou três testes nucleares e multiplicou os lançamentos de mísseis.

A Coreia do Norte afirma ter alcançado seu objetivo militar de ser capaz de lançar um ataque nuclear contra o conjunto do território continental americano.

O líder norte-coreano, Kim Jong-Un, advertiu em seu discurso de Ano Novo que tem um botão nuclear em seu gabinete, mas ao mesmo tempo estendeu a mão ao sul, ao afirmar que Pyongyang poderá enviar sua equipe aos Jogos de Inverno.

Seul respondeu propondo a realização de discussões de alto nível em Panmunjom no dia 9 de janeiro, pela primeira vez em dois anos.

As duas Coreias restabeleceram posteriormente sua conexão telefônica, suspensa desde 2016.

Em outra demonstração de apaziguamento, os presidentes sul-coreano, Moon Jae-In, e americano, Donald Trump, concordaram em adiar os exercícios militares conjuntos previstos para após os Jogos de Inverno.

- Olimpíadas da Paz -Os temores de uma intensificação do conflito aumentaram no ano passado, quando Kim e Trump trocaram insultos pessoais e ameaças bélicas.

O presidente americano respondeu à mensagem de Ano Novo do colega norte-coreano dizendo, em um tuíte, que seu "botão nuclear era muito maior e mais poderoso", o que gerou alarme entre os analistas.

As preocupações em torno da Coreia do Norte ofuscaram os Jogos de Inverno, que Seul e os organizadores declararam as "Olimpíadas da Paz", ao pedir a Pyongyang que participasse, ao contrário do que se fez nos Jogos de Seul de 1988.

A tensão sempre aumenta durante os exercícios militares anuais, que Pyongyang considera uma preparação para a invasão e aos quais costuma responder com provocações. Tanto a Rússia como a China afirmam que esse treinamento aumenta a tensão na região.

O objetivo do adiamento dos exercícios é que "as forças dos Estados Unidos e da República da Coreia possam centrar-se na segurança dos Jogos", afirmou a Casa Branca em um comunicado.

O secretário de Defesa americano, Jim Mattis, insiste que o adiamento se deve mais a motivos práticos que políticos, fazendo referência à importância dos Jogos para a indústria do turismo na Coreia do Sul, mas assegurando que Washington não reduzirá sua pressão sobre Pyongyang em outros âmbito.s.