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Trump ameaça fechar fronteira EUA-México se Congresso não financiar muro

28/12/2018 19h03

Washington, 28 dez 2018 (AFP) - O presidente americano, Donald Trump, ameaçou, nesta sexta-feira (28), fechar "completamente" a fronteira EUA-México, a menos que o Congresso aprove recursos para financiar um muro fronteiriço, em meio a uma queda de braço que levou ao 'shutdown' do governo desde 22 de dezembro.

"Seremos forçados a fechar a fronteira sul completamente se os democratas obstrucionistas não nos derem dinheiro para terminar o muro e também mudarem as ridículas leis migratórias", tuitou.

O alerta de Trump surge em meio à paralisação parcial do governo, depois que os congressistas fracassaram em sua tentativa de chegar a um acordo sobre o financiamento do muro de Trump.

Enquanto os democratas se recusam a destinar US$ 5 bilhões para o projeto, o presidente garante que não aprovará nenhum acordo orçamentário, a menos que consiga os recursos.

Em outro tuíte nesta sexta, Trump disse que também considera um provável fechamento da fronteira como uma "operação lucrativa", alegando que "os Estados Unidos perdem muito dinheiro no comércio com o México sob o Nafta, mais de 75 bilhões de dólares anuais (sem incluir o dinheiro da droga que seria várias vezes essa quantia)".

"Fechar a fronteira sul. Trazer de volta aos Estados Unidos nossa indústria automobilística. Voltar aos tempos prévios ao Nafta, antes que nossas empresas e empregos migrassem para o México".

Trump, que cancelou o programado Natal na Flórida, também "anulou seus planos para o Ano Novo", disse Mick Mulvaney, que será o próximo chefe de gabinete, à rede Fox News.

Em vigor desde 1994, o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), que inclui o Canadá, foi frequentemente denunciado como desfavorável por Trump, que exigiu de seus vizinhos que os termos fossem renegociados. Um novo acordo (chamado de USMCA) para substituir esse pacto foi firmado no final de novembro, mas precisa ser ratificado pelos respectivos congressos.

Em novembro, Trump já tinha ameaçado fechar "toda a fronteira" com o México "se chegar ao nível em que vamos perder o controle, ou as pessoas vão começar a ficar feridas".

Dias depois, as autoridades americanas fecharam uma passagem no sul da Califórnia, quando centenas de imigrantes - parte da "caravana" condenada por Trump e procedente da América Central - tentaram forçar uma cerca na cidade mexicana de Tijuana.

Com o fechamento temporário, os agentes de fronteira suspenderam o fluxo de veículos e pedestres no ponto de San Ysidro, um dos mais movimentados entre os dois países.

- México opta pela prudência -O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, preferiu não comentar a ameaça de Trump, alegando que não quer "ser imprudente".

"Nós temos atuado com prudência, de maneira cautelosa. Não comentamos a questão, porque é uma questão interna dos Estados Unidos", disse o presidente em sua entrevista coletiva matinal.

"Não queremos ser imprudentes. Não consideramos que devamos participar desse assunto", acrescentou, após ser questionado sobre a ameaça do presidente dos Estados Unidos.

- Novas ameaças de cortar ajuda -Em sua saraivada de tuítes, Trump também disparou contra os países do Triângulo Norte da América Central, ameaçando-os novamente com o corte nos repasses de ajuda se não contiverem o fluxo migratório.

"Honduras, Guatemala e El Salvador não fazem nada pelos Estados Unidos, a única coisa que fazem é tomar nosso dinheiro. Dizem que tem uma nova caravana que está se formando em Honduras e não estão fazendo nada a respeito", disse Trump.

Durante a campanha para as eleições de meio de mandato, Trump criticou duramente esses países.

"Vamos cortar as ajudas para esses três países, que se aproveitam dos Estados Unidos há anos", insistiu o presidente, repetindo o discurso adotado quando uma caravana de migrantes que se formou em San Pedro Sula saiu em outubro de Honduras rumo ao Norte.

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