Hidrovia na Amazônia peruana ameaça comunidades nativas, dizem líderes indígenas
Lima, 2 Jul 2019 (AFP) - As obras para uma hidrovia na Amazônia peruana, sob responsabilidade do governo de Lima, afetará 422 comunidades nativas e vão gerar danos nos cursos de quatro rios, afirmaram nesta terça-feira organizações indígenas e um grupo civil.
"Somos contrários à construção da hidrovia porque afetará a segurança alimentar de 422 comunidades que vivem da pesca e outras espécies dos rios", disse à imprensa Lizardo Cauper, presidente da Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep), a maior organização indígena do país.
O projeto de construção da hidrovia visa permitir a navegação de navios de maior porte nos rios amazônicos para facilitar o transporte de mercadorias nesta região remota.
A obra estará a cargo do consórcio Cohidro -formado pela peruana CASA e a chinesa Sinohydro- ao longo de 2.687 km dos rios Huallaga, Ucayali, Marañón e Amazonas.
Cauper disse que o maior problema do projeto é que contempla a dragagem do leito em 13 áreas dos quatro rios para que os barcos de maior tamanho possam navegar.
"Nenhum estudo científico foi feito para saber a quantidade de sedimentos que será gerada na dragagem e a forma que afetará os peixes, além das consequências nas comunidades que vivem dos rios", declarou o dirigente.
O contrato firmado em 2017 contempla um investimento inicial de 95 milhões de dólares e um prazo de concessão de 20 anos.
Diego Saavedra, especialista da ONG Derecho Ambiental y Recursos Naturales (DAR), disse que no contrato entre o governo peruano e Cohidro "não existe clareza sobre o impacto no ecossistema e nas comunidades que a hidrovia pode gerar".
A Cohidro descreve no seu site que a hidrovia permitirá uma navegabilidade segura e eficiente na Amazônia, além do desenvolvimento econômico, maior comércio com o Equador, Colômbia e Brasil, bem como a redução dos custos de transporte fluvial.
rc/fj/lp/lca
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