Ataque dos EUA no noroeste da Síria mata 40 oficiais jihadistas
Beirute, 31 Ago 2019 (AFP) - Pelo menos 40 oficiais jihadistas morreram neste sábado no noroeste da Síria após um ataque com míssil reivindicado pelas forças americanas, anunciou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A ofensiva, que ocorreu em um campo de treinamento ao norte de Idlib, teve como alvo líderes da organização conhecida como AQ-S ("Al Qaida na Síria"), que seria responsável por "ataques que ameaçam cidadãos e parceiros dos Estados Unidos e civis inocentes", informou o tenente-coronel Earl Brown, porta-voz do Comando Central americano, através de um comunicado.
Esta ação, que pode ser considera a mais mortífera contra os jihadistas na Síria, ocorreu no primeiro dia de trégua nos bombardeios aéreos realizados pelo governo do presidente sírio Bashar al-Assad e sua aliada Rússia em Idlib, província do noroeste do país sob controle rebelde e jihadista.
Em 2014, os Estados Unidos criaram uma coalizão internacional para combater o grupo jihadista Estado Islâmico (IS) que foi derrotado em março passado na Síria com a ajuda de forças curdas. Embora as tropas americanas permaneçam na Síria, os atentados contra alvos extremistas foram reduzidos consideravelmente desde 2017.
- Trégua curta do regime em Idlib -O cessar-fogo unilateral declarado às 6H00 locais também foi interrompido após novo ataque em Idlib, afirmou Abdel Rahman, Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Segundo Rahman, o lançamento de mísseis na cidade de Kafranbel matou uma pessoa, "a primeira vítima desde que o cessar-fogo entrou em vigor".
O OSDH também relatou a morte de dois membros das forças relacionadas ao regime sírio depois que seu veículo foi atacado por grupos rebeldes e jihadistas perto da fronteira entre a região de Idlib e a região de Hama.
Além disso, um drone russo foi abatido por jihadistas de Hayat Tahrir al Sham, de acordo com o OSDH.
O cessar-fogo iniciado neste sábado foi "temporário", disse Buthaina Chaaban, conselheira do presidente sírio, durante uma entrevista na televisão.
"A trégua serve à grande estratégia de libertação de cada centímetro do território sírio", acrescentou.
Outro cessar-fogo decretado em Idlib no início de agosto só foi respeitado por alguns dias.
Na sexta-feira, o Centro Russo para a Reconciliação na Síria anunciou um cessar-fogo unilateral das tropas sírias a partir da madrugada de sábado.
O Centro Russo pediu em um comunicado "aos comandantes dos grupos armados que renunciem às provocações e se unam ao processo de solução pacífica nas zonas que controlam".
"A trégua tem por objetivo estabilizar a situação", completa a nota.
A agência oficial síria SANA anunciou neste sábado que Damasco aceita o acordo, mas o exército sírio destacou que se "reserva o direito de reagir às violações" da trégua por parte dos jihadistas e dos grupos rebeldes.
Após vários meses de intensos bombardeios das aviações russa e síria, as forças de Bashar al-Assad iniciaram em 8 de agosto uma ofensiva terrestre em Idlib, controlada pelo grupo jihadista Hayat Tahrir Al Sham (HTS, ex-braço sírio da Al-Qaeda).
Este é o esforço mais recente da Rússia para evitar o que a ONU descreve como um dos "maiores pesadelos humanitários" do conflito.
Poucas horas antes do início da trégua, um bombardeio russo atingiu um centro médico em Aleppo e deixou diversos feridos, segundo o OSDH.
"O número de ataques contra instalações médicas, de ensino e pontos de abastecimento de água é o maior no mundo", declarou na sexta-feira Panos Moumtzis, diretor humanitário da ONU na Síria. "Isto é inaceitável", completou.
- Ameaças turcas -O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou neste sábado iniciar uma operação no nordeste da Síria se as tropas turcas não conseguirem controlar a "zona de segurança" que Ancara e Washington concordaram em criar nessa região.
"Não temos muito tempo ou paciência em relação a essa área. Se em poucas semanas nossos soldados não começarem a controlar efetivamente essa área, não haverá outra opção senão implementar nossos próprios planos operacionais", alertou Erdogan em discurso na Istambul.
O pacto firmado neste mês entre os Estados Unidos e a Turquia, após árduas negociações, procurou reduzir as tensões entre Ancara e as forças curdas apoiadas por Washington no nordeste da Síria.
Erdogan disse anteriormente que o presidente Trump prometeu que a "zona segura" seria de 32 quilômetros.
Neste momento, o centro de operações conjuntas já foi estabelecido e as patrulhas em parceria devem começar em breve.
Desde o ano passado, Erdogan tem ameaçado repetidamente lançar um ataque ao leste do rio Eufrates contra as milícias curdas sírias das Unidades de Proteção Popular (YPG).
No momento, o regime de Bashar al-Assad controla quase 60% do país.
Desde o início, em 2011, a guerra na Síria provocou mais de 370.000 mortes.
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