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Desmatamento na Amazônia brasileira aumentou 91% entre janeiro e agosto

Área em Lábrea (AM) que é alvo do desmatamento seletivo, onde as árvores de madeira mais valiosa já foram derrubadas, restando apenas espécies como sumaúmas e castanheiras - Maurício Monteiro/Repórter Brasil
Área em Lábrea (AM) que é alvo do desmatamento seletivo, onde as árvores de madeira mais valiosa já foram derrubadas, restando apenas espécies como sumaúmas e castanheiras Imagem: Maurício Monteiro/Repórter Brasil

08/09/2019 15h52

O desmatamento na Amazônia brasileira praticamente dobrou entre janeiro e agosto, totalizando 6.404,4 km², frente aos 3.336,7 km² no mesmo período de 2018 (+91,9%), segundo dados oficiais provisórios divulgados em meio à polêmica internacional envolvendo a preservação da maior floresta tropical do planeta.

Apenas em agosto, 1.700,8 km² foram desmatados, menos do que em julho (quando quadruplicou), porém mais do triplo do que em agosto de 2018 (526,5 km²), de acordo com o sistema Deter de alertas de satélite do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

O desmatamento no Brasil se mantinha nos níveis dos últimos anos, porém disparou nos últimos quatro meses: 738,2 km² em maio (+34,1%), 936,3 km² en junho (+91,7%) e 2.255,4 km² em julho (+278%), e, agora, 1.700,8 km² em agosto (+91,90%).

Especialistas avaliam que, este ano, o desmatamento poderia chegar, pela primeira vez desde 2008, a 10.000 km². Segundo os mesmos e ambientalistas, a escalada se explica pela pressão de madeireiros e criadores de gado estimulados pelo apoio do presidente Jair Bolsonaro à abertura de reservas indígenas e áreas protegidas para estas atividades e a mineração.

A polêmica aumentou com a multiplicação das queimadas, com 97.972 focos de incêndio em todo o Brasil de janeiro até ontem, uma alta de 53% em relação ao mesmo período de 2018, 51,4%% deles na região amazônica.

Segundo especialistas, deve haver mais focos na região amazônica em setembro, uma vez que "o pico do desmatamento é em julho e o do fogo, em setembro", aponta a diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar. "Que bom que tenha havido menos desmatamento em agosto, mas é preocupante, porque há três vezes mais do que no mesmo período do ano passado."

O Deter se baseia em dados colhidos por um sistema de alertas sobre o período agosto-julho, que, em seguida, é apurado por outro sistema, chamado Prodes, com o qual são elaborados os relatórios anuais de desmatamento.